Terrorista do STF foi de ‘boa praça’ a homem-bomba após eleições de 2022

Francisco Wanderley Luiz, morto após explosões em Brasília. Foto: Reprodução

Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, mudou completamente de comportamento após a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições de 2022. Antes, ele era um empresário bem-sucedido no ramo do entretenimento, com destaque para a inauguração de discotecas na década de 1980. Porém, a partir de 2018, com a chegada de Bolsonaro à Presidência, passou a se envolver com a política, filhando-se ao PL e se candidatando a vereador. “Ele entrou na política, foi candidato a vereador. E com a bandeira do Bolsonaro, sempre”, contou Eduardo Marzall, ex-presidente do PL em Rio do Sul.

Entretanto, o que parecia ser um interesse incipiente pela política se transformou em radicalização após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva em 2022. “Desde então, Francisco só falava de política”, disse sua ex-mulher Daiane. Ela afirmou que o ex-marido se tornou obcecado com a ideia de matar o ministro do STF Alexandre de Moraes. Além disso, Francisco passou a frequentar manifestações golpistas e envolveu-se com grupos de extrema-direita. Mensagens postadas nas redes sociais revelavam seu crescente extremismo, como quando escreveu: “O Brasil já é um país socialista e comunista”.

O discurso de ódio e as ameaças começaram a se intensificar, especialmente em relação às instituições do país. Francisco chegou a postar uma foto dentro do plenário do STF, com a legenda: “Deixaram a raposa entrar dentro do galinheiro…”. Ele também divulgou teorias conspiratórias ligadas ao movimento extremista QAnon, acusando o Brasil de ser governado por um regime comunista e expressando sua disposição em morrer para garantir a “liberdade” das futuras gerações.

Francisco Wanderley Luiz, o “Tiü França”, terrorista que morreu durante atentado na Praça dos Três Poderes na última quarta (13). Foto: Reprodução

A transição de Francisco de empresário bem-sucedido para “homem-bomba” foi acompanhada de mudanças em sua rotina. Desde 2022, ele começou a viajar com frequência para Brasília e alugou uma quitinete na Ceilândia. “Ele era uma pessoa normal, falante e prestativa”, disse Gleide Silva, vizinha de Francisco em Brasília, que o conheceu no início de 2023. Porém, o comportamento de Francisco começou a mudar, especialmente após a separação de sua esposa. Em uma visita ao gabinete do deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC), ele mostrou sinais de desequilíbrio emocional, algo que o parlamentar estranhou na época.

Francisco foi à Câmara dos Deputados pela primeira vez em agosto de 2023 e retornou na quarta (13), o mesmo dia em que o atacou o STF com bombas.

Imagens de circuito interno da Câmara mostraram que ele entrou no Anexo IV às 8h15, foi ao banheiro e saiu em seguida. Às 19h30, ele atirou duas bombas em direção ao STF, e depois se matou ao explodir um artefato perto de sua cabeça. Francisco, até então, parecia ser um homem comum, mas seu envolvimento com o radicalismo e seu comportamento cada vez mais obsessivo com a política levaram-no a cometer o ataque.

Para os amigos e familiares que o conheciam, como Marzall, a transformação foi surpreendente. “Ele era daqueles caras que tudo o que o Bolsonaro falava era amém. Mas nunca imaginei que ele fosse capaz de um ato como esse”, afirmou Marzal, amigo de longa data de Francisco ao jornal O Globo.

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