Delator do PCC ficou 21 dias fechado em casa com medo de morrer

Empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach. Foto: Reprodução

Delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) assassinado com dez tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, na última sexta-feira (8), o empresário Antônio Vinícius Gritzbach relatou à polícia ter ficado “21 dias enclausurado em seu apartamento, temendo por sua vida e de seus familiares”. A fala consta em um pedido de soltura protocolado em 2022. Segundo a defesa, a família vivia sob constantes ameaças e sequer podia sair de casa para atividades básicas.

De acordo com o relato nos autos, as ameaças começaram após Gritzbach ser acusado de ordenar o assassinato de Anselmo Becheli Santa, conhecido como Cara Preta, e seu motorista, Antônio Corona Neto. Cara Preta, integrante influente do PCC, teria investido cerca de R$ 200 milhões em criptomoedas sob a promessa de lucros extraordinários, mas o empresário teria desviado os valores para adquirir bens como imóveis, carros e helicópteros. Quando descobriu o golpe, Cara Preta confrontou Gritzbach, o que teria motivado o empresário a ordenar sua morte.

Gritzbach também afirmou que, em janeiro de 2022, foi levado ao “tribunal do crime” do PCC, onde passou nove horas sendo ameaçado por membros da facção, incluindo o uso de luvas cirúrgicas para esquartejá-lo. Ele negou qualquer vínculo com o grupo criminoso, alegando que conhecia os integrantes como empresários de futebol e donos de negócios legais. Após essa ameaça, foi forçado a recuperar R$ 27 milhões em criptomoedas para os membros da facção.

Armas apreendidas após o assassinato de Antônio Vinicius Lopes Gritzbach no Aeroporto de Guarulhos. Foto: Divulgação

O empresário buscou a colaboração com o Ministério Público por meio de uma delação premiada, homologada em março deste ano. Em troca de uma pena reduzida, ele revelou informações sobre a lavagem de dinheiro para o PCC e apontou agentes de segurança pública envolvidos no esquema. Oito dias antes de sua execução, Gritzbach fez uma denúncia à Corregedoria da Polícia Civil, afirmando que policiais estavam tentando extorqui-lo.

Após o assassinato no terminal de desembarque do aeroporto, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) formou uma força-tarefa para investigar três possíveis motivações para o crime. A Polícia Federal, responsável pela área do aeroporto, também iniciou uma apuração própria. A namorada de Gritzbach, que estava com ele no momento do ataque, não foi atingida e não é investigada.

Gritzbach era réu em processos por lavagem de dinheiro e duplo homicídio. Ele havia sido preso provisoriamente, mas liberado por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A Justiça paulista havia determinado que ele fosse a júri popular por esses crimes. As informações são do portal g1.

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