Pix por aproximação pode não funcionar no seu celular; veja o motivo

Pagamento pelo smartphone

Em novembro o Pix completou quatro anos de operação, com um sucesso absoluto de crítica e público. Até outubro de 2024 já existiam 805,6 milhões de chaves Pix cadastradas, sendo que 95% delas correspondentes a pessoas físicas, segundo o Banco Central (BC). A expectativa é de que até o final de 2024 o sistema de pagamento instantâneo deva movimentar R$ 27,3 trilhões, um crescimento de 58,8% em relação a 2023.

E a evolução continua acelerada, especialmente com a chegada agora em novembro do Pix por aproximação. A nova tecnologia, no entanto, deve deixar de fora algumas pessoas. Especialmente, quem ainda não tiver chaves Pix cadastradas, segundo o BC. Também é preciso ter um celular compatível com a tecnologia NFC (Near Field Communication), que proporciona a leitura por aproximação entre os equipamentos.

Isso significa que celulares com mais de 5 anos já não funcionarão para o Pix por aproximação. A ferramenta hoje só está disponível para quem tem um celular rodando em sistema operacional Android 6 e utilizando a carteira digital do Google, a Google Pay.

Leia também: Como a Apple pode acelerar o lançamento do Pix por aproximação? Entenda

Quem tem a carteira digital da Samsung e da Apple terá de esperar um pouco mais. Isso porque as duas empresas ainda negociam a entrada no sistema do Banco Central para se tornar iniciadoras de pagamento. Com isso, usuários de iPhones por enquanto ficam de fora do Pix por aproximação.

O que muda com o Pix por aproximação

O cronograma estabelecido pelo BC prevê que os bancos e instituições de pagamento devem disponibilizar a ferramenta para todos os usuários até o dia 28 de fevereiro de 2025. Segundo o BC, com o Pix por aproximação será possível fazer pagamentos diretamente sem utilizar o aplicativo da instituição financeira, utilizando apenas a carteira digital. Ou diretamente pelo sistema da instituição bancária. Outras formas de iniciação, como fazer um Pix por meio de QR Code, continuarão existindo.

Leia também: MEI: Sem benefícios da CLT, como ter as contas no azul? Confira orientações


Segundo Ralf Germer, um dos fundadores da PagBrasil, fintech especializada em tecnologia de pagamento, hoje a pessoa precisa abrir o aplicativo do banco para iniciar o pagamento, através da leitura de QR Code ou inserir uma chave Pix. “Mas quando o Pix por aproximação estiver funcionando, isso vai mudar, porque vai poder inserir os dados da conta na carteira digital, e a funcionalidade vai permitir o pagamento no Pix por aproximação, bastando a identificação através da biometria, como é feito hoje na operação de cartão de crédito”, explica.

De acordo com Alexandre Bueno, gerente sênior da consultoria Capco, especializada em gestão e tecnologia para o setor financeiro, há hoje um grande dilema dessas grandes empresas para incluir o Pix por aproximação nas carteiras digitais. Isso porque tanto a Samsung como a Apple precisam se cadastrar como iniciadoras de pagamentos, o que obrigaria essas empresas a se adequarem ao padrão do open finance. “Além disso, a Apple cobra pelos serviços e o Pix é gratuito”, disse ele.

Conforme o executivo, o Google se antecipou e fez o acordo, porque já tem um sistema parecido em funcionamento na Índia. Porém, tudo indica que a Apple acabe liberando o uso do NFC para outros aplicativos, como vem sendo negociado sob pressão em países europeus. Em um post de seu blog, a empresa anunciou que na versão de seu sistema operacional iOS 18.1 os desenvolvedores terão acesso ao chip NFC, que alimenta os recursos de pagamento por aproximação. Procurada pela reportagem, a empresa não respondeu.

Leia também: QR Code deve substituir código de barras nos boletos de condomínio; qual a vantagem?

“Dessa forma, os aplicativos dos próprios bancos podem conseguir autorizar o Pix por aproximação, porque a questão aqui é mais sobre negócio do que de tecnologia”, disse Bueno. Como o prazo máximo de implementação é fevereiro 2025, até lá essas questões podem ser resolvidas. Além disso, como mais de 90% dos celulares brasileiros usam a plataforma Android, isso não deve fazer muita diferença, na opinião de Bueno.

Maquininhas ainda no jogo

Muito se fala no avanço do Pix e na perda de espaço de outras formas de pagamento. Dinheiro em espécie, por exemplo, perdeu muito espaço na boca do caixa. Mas, na outra ponta, as maquininhas que tinham seu futuro colocado em dúvida, reforçaram sua posição no jogo com o Pix por aproximação. Isso porque os lojistas vão precisar do dispositivo que se aproxima do celular para efetivação do pagamento. Portanto, elas continuam firmes e com lugar garantido, até porque cartões de débito e crédito continuam sendo opção forte de pagamento.

“Mas o Pix vai continuar crescendo e tudo indica que substituirá os cartões em pagamentos parcelados e recorrentes, assim como substituiu o dinheiro”, acredita Ralf Germer, da PagBrasil.

Empresas de maquininhas como Stone, PagBank e Getnet dizem que já estão preparadas. No dia 16 de novembro, a Stone realizou as primeiras transações via Pix NFC em seus equipamentos e irá começar a liberar o uso da tecnologia para clientes em um projeto piloto.

Segundo João Misko, diretor de produtos de pagamentos na Stone, essa inovação traz praticidade também para os empreendedores, que receberão de uma forma ainda mais rápida, facilitando a gestão do seu negócio, uma vez que as vendas estarão disponíveis de forma organizada no relatório de vendas (assim como o Pix QR Code no POS), não sendo mais listadas como transferências no extrato bancário, melhorando a forma de conciliação das vendas do negócio.

“O Pix já é o meio de pagamento que mais cresce no Brasil e é ótimo para quem compra, podendo pagar mais rápido, e para quem vende, recebendo de forma segura e organizada”, disse Misko.

O PagBank informa que suas maquininhas também estão aptas para aceitar o Pix com uso da tecnologia NFC das wallets e instituições aderentes aos protocolos definidos pelo Banco Central. “No ecossistema PagBank, a chegada do Pix via NFC torna a experiência ainda mais ágil, fortalecendo o hábito de pagamentos rápidos e seguros através das máquinas”, informa a empresa.

De acordo com a Getnet, atualmente suas maquininhas já aceitam pagamentos via aproximação, utilizando o protocolo NFC, permitindo que os clientes realizem transações aproximando cartões, smartphones ou quaisquer dispositivos compatíveis. Além disso, os clientes contam com a opção de recebimento via Pix, onde o pagador pode escanear um QR Code dinâmico para efetuar o pagamento, evitando fraudes. A Getnet informa que mantém seu compromisso de oferecer soluções de pagamentos inovadoras e seguras, acompanhando toda a agenda evolutiva do Banco Central, com foco na experiência, caminhando para os pagamentos invisíveis e frictionless (sem atrito), como é o caso do Pix por aproximação.

 O que pensa o usuário?

Uma pesquisa sobre tendências dos meios de pagamento feita pela Zoop, empresa do grupo iFood especializada em integração de serviços financeiros, em parceria com a PiniOn, mostrou que 42% dos brasileiros pretendem usar o Pix por aproximação assim que estiver disponível. Além disso, 17% dos respondentes dizem saber que a atualização já está começando, inclusive sobre os novos limites de transação, e 51% acreditam que as novas regras trarão mais segurança. 

O Pix também continua sendo a forma de pagamento mais utilizada pelos brasileiros. Em maio, era o meio preferido de 77% dos respondentes, hoje é o mais utilizado por 82%. O número de brasileiros que utilizam o Pix especificamente para transações de alto valor cresceu de 45% para 52%, enquanto o uso do cartão de crédito para este fim caiu de 42% para 35%.

Enquanto o Pix por aproximação ainda engatinha, a preferência pelo cartão de débito subiu de 37% para 52%, como mostra a pesquisa. Este aumento foi percebido em todas as classes sociais e em todas as regiões do país, e a principal motivação é a praticidade. Essa forma de pagamento também foi apontada como a segunda mais segura (51%), perdendo apenas para a carteira digital.

The post Pix por aproximação pode não funcionar no seu celular; veja o motivo appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.