Parlamento da Coreia do Sul derruba lei marcial e tenta impedir golpe de Estado

Lei marcial, imposta por Yoon Suk-yeol, foi derrubada no Congresso da Coreia do Sul. Foto: reprodução

Poucas horas após a tentativa de autogolpe na Coreia do Sul, o Parlamento votou, nesta terça-feira (3), para bloquear o decreto de lei marcial anunciado pelo presidente Yoon Suk-yeol. A moção teve apoio unânime entre os presentes, com 190 votos favoráveis, embora o efeito jurídico dessa decisão ainda seja incerto. Pela legislação do país, o presidente deve respeitar a votação parlamentar, mas o decreto golpista já foi uma resposta a uma derrota do político de direita para o legislativo, formado por maioria de esquerda.

Anunciada em pronunciamento surpresa, a medida de Yoon restringe liberdades civis, proíbe atividades políticas e transfere funções governamentais às Forças Armadas, que já bloquearam o acesso ao Parlamento. O presidente justificou o ato como necessário para combater supostos aliados da Coreia do Norte dentro do território sul-coreano.

“Declaro lei marcial para erradicar as forças antiestatais pró-Coreia do Norte que ameaçam a liberdade e a felicidade do nosso povo”, disse Yoon, que governa com apoio do conservador Partido do Poder do Povo.

A oposição, majoritária no Parlamento, acusou Yoon de tentar consolidar um regime autoritário. Lee Jae-myung, líder oposicionista e rival de Yoon na eleição de 2022, classificou a medida como “um golpe disfarçado” e convocou protestos nacionais.

Críticas também vieram de aliados políticos. O ex-ministro da Justiça Han Dong-hoon se posicionou contra o decreto, prometendo usar vias legais para revertê-lo. Enquanto isso, manifestações começaram a se formar em frente ao Parlamento, onde soldados impedem o acesso de deputados e cidadãos.

Quem é Yoon Suk-yeol?

Eleito em 2022 por uma margem histórica estreita, Yoon é conhecido por seu passado como promotor rigoroso em casos de corrupção. Ele foi responsável por investigar escândalos envolvendo líderes políticos de todos os espectros, incluindo a ex-presidente Park Geun-hye e membros do governo de seu antecessor, Moon Jae-in.

No Brasil, por exemplo, ele é comparada ao ex-juiz Sérgio Moro, que atuou no enfrentamento, ou perseguição, a políticos por meio da Operação Lava-Jato.

Desde que assumiu a presidência, Yoon tem enfrentado uma oposição hostil e críticas crescentes. Sua popularidade caiu para 19% nas últimas pesquisas, segundo o instituto Gallup Korea, enquanto escândalos envolvendo sua esposa e aliados alimentam as tensões.

Yoon também é criticado por seu estilo de governo centralizador e por sua postura mais agressiva em relação à Coreia do Norte. Recentemente, ele afirmou que ataques preventivos podem ser necessários para conter as ameaças de mísseis hipersônicos do regime de Kim Jong-un.

O impasse político ocorre em um momento delicado para a Coreia do Sul, cuja economia enfrenta desafios significativos. A Bolsa de Seul sofreu quedas expressivas, e a moeda local, o won, perdeu valor diante do dólar.

Internacionalmente, a situação é monitorada de perto pelos Estados Unidos, aliados estratégicos de Seul. A Casa Branca expressou preocupação e reafirmou seu compromisso com a estabilidade da península coreana.

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