Musical mergulha no universo do cantor e compositor Belchior 

“Belchior – Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro” terá apresentações de sexta, 19, a domingo, 21h, no Cine Theatro Brasil Vallourec

Indiscutivelmente um ícone da música popular brasileira, com um repertório que impacta até a nova geração, o cantor e compositor Belchior tem sido alvo de diversas homenagens. Neste final de semana, duas delas chegam a BH. No domingo, a cantora Ana Cañas volta à capital mineira com o vitorioso show dedicado a Belchior – desta vez, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. Já a partir desta sexta-feira, o Cine Theatro Brasil Vallourec recebe a primeira das três apresentações de “Belchior – Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”. As sessões acontecem na sexta e sábado, às 21h, e domingo, às 19h

Sob a direção de Pedro Cadore, o espetáculo se apresenta da seguinte forma, no material enviado à imprensa: “‘Belchior’ mergulha no universo do compositor cearense, apresentando não apenas uma biografia, mas uma imersão na mente de um dos artistas mais misteriosos do cenário musical brasileiro”. Assim, a narrativa se desdobra a partir de trechos de entrevistas do próprio Belchior. Com dramaturgia de Pedro Cadore e Cláudia Pinto, a peça, mais do que uma mera retrospectiva, aspira transmitir a filosofia do artista. Desse modo, “convidando o espectador a explorar a profundidade das letras e pensamentos dele”.

No palco

O espetáculo traz Pablo Paleólogo, que encarna o cantor cearense, bem como Bruno Suzano, que dá vida ao “Cidadão Comum”. Acompanhando a atuação dos artistas, haverá uma banda, composta por Emília B. Rodrigues, Rico Farias, Silvia Autuori e Thomas Lenny. Neste compasso, sucessos marcantes de Belchior serão relembrados. Caso de “Alucinação”, “Apenas Um Rapaz Latino Americano” e “Coração Selvagem”, entre outros não menos importantes.

Trajetória

Tendo estreado em 2019, no Teatro João Caetano, no Rio, o espetáculo já alcançou mais de 40 mil espectadores Brasil afora. Dessa forma, tentando alcançar o objetivo de “proporcionar uma experiência nostálgica aos fãs”. Ou, tão importante quanto, “introduzir a poesia única do compositor àqueles que ainda não a conhecem”. Da mesma forma, de acordo com Cadore, chamar à reflexão sobre a atualidade política brasileira. Assim, “retomando o discurso transformador que Belchior acreditava ser intrínseco à arte”. “Em meio à incerteza do futuro, a voz e a filosofia deste poeta se tornam mais relevantes do que nunca”.

Entrevista

Para falar mais sobre a montagem, o Culturadoria conversou com Pablo Paleólogo. Confira!

Gostaria que falassem da proposta do espetáculo, já que, como o material de divulgação ressalva, não é só um musical, mas “uma imersão na mente de um dos artistas mais misteriosos do cenário musical brasileiro”

Bem, o Belchior era um cara que valorizava muito a privacidade, a vida pessoal. Desse modo, antes de qualquer coisa, a montagem quis respeitar muito isso. Então, tudo que é dito durante o espetáculo, saiu da boca do Belchior. Ou seja, em entrevistas, em escritos, em letras de música. Desse modo, acho que a gente consegue entender um pouco da cabeça desse cara genial. Uma pessoa extremamente inteligente, extremamente musical… E penso que, de certa forma, por meio do texto, a gente consegue mergulhar nas ideias, nos pensamentos, na cabeça desse cara…

Assim, não é só um musical que conta uma história com começo, meio, fim. Ele é um musical biográfico porque narra parte da vida do Belchior. Mas, ao mesmo tempo, é um show, é uma sessão de filosofia… Ou seja, um espetáculo muito diferente. E tenho muito orgulho de, por meio dele, e junto à banda e ao meu companheiro de cena, Bruno Suzano; levar adiante esses pensamentos, filosofias, essa forma de enxergar a vida. Até mesmo as anedotas que ele contava. Então, é realmente uma coisa muito única. Acho que tem que assistir para entender um pouco isso.

Como tem sido o feedback que vocês recebem do público?

Veja, é suspeito falar disso, mas o público ama – e a gente ama também! Acho que tem uma troca muito grande. Me emociona muito falar com o público depois de cada espetáculo, porque o Belchior era um cara extremamente acessível. Então, muita gente tem histórias particulares com ele que, claro, querem contar. Da mesma forma, o Belchior fez parte de algum momento importante da vida de muita gente. E, através do espetáculo, as pessoas conseguem reviver, acessar essa memória tão particular.

Tem muita gente que assistiu aos shows do Belchior, muita gente que cresceu ouvindo, ou que namorou ouvido Belchior. Ou que tem uma música que marcou a adolescência. Teve um casal que começou a namorar em um show do Belchior e, aí, foi para o espetáculo comemorar – acho que 20, 30 anos de casado, algo assim. Então, o que mais me emociona no feedback do público é ver que é possível voltar a um determinado momento da vida que foi embalado por uma das canções do Belchior.

Na opinião de vocês, o que faz com que a admiração por Belchior estar em ascensão?

Eu acho que Belchior era muito honesto na arte, na música dele. Ele cantava a vida de uma forma muito crua. Ou seja, muito diferente dos artistas da época dele, que embelezavam tudo, (dizendo) que era tudo muito bonito, que a vida era muito fácil. E, assim, Belchior chegava com as músicas dele e falava: ‘Não é não’. É tudo muito difícil, principalmente para quem vem do Norte, para quem vem do Nordeste, tentar uma vida melhor. Desse modo, ele dava voz a uma parte da população, que era invisível.

Desse modo, acho que o legado do Belchior, as falas dele, as letras, as músicas, são atemporais. Por um lado, felizmente. E, por outro, infelizmente, porque ele foi um cara que apontava muito os erros da nossa sociedade. Assim, ver como isso ainda faz sentido, 50 anos depois de uma determinada música… De todo modo, entendo que as pessoas estão buscando significado na arte. E o Belchior era um cara cheio de significados, cheio de coisas importantes que ainda precisam ser ditas. No entanto, talvez hoje em dia a gente não tenha tanto acesso a essas realidades através da música popular.

Em que sentido, você diz?

Talvez ela tenha se tornado muito comercial. E a verdade é que você precisa falar de determinados assuntos. A verdade é que Belchior falava de tudo. Então, eu acho que as pessoas buscam, ali, um conforto, um alento. Alguma coisa que realmente as coloquem no mesmo lugar que os artistas que estão ouvindo. No caso, talvez por ser muito real, por ser uma pessoa muito honesta nas músicas e letras, é muito fácil se identificar com ele. E, na minha opinião, a gente está precisando de identificação artística, hoje em dia.

Queria que me explicasse melhor a dinâmica no palco, a tal presença do “Cidadão Comum”…

Então, o cidadão comum era um personagem muito recorrente nas músicas do Belchior. Aliás, acredito que, até determinado ponto, era ele. E uma coisa que ele defendeu muito, inclusive em suas últimas entrevistas, nas últimas aparições públicas, é que, antes de qualquer coisa, ele era um cidadão comum que vivia numa condição de artista. Desse modo, a gente traz esse personagem ao palco, nesse musical. Ou seja, para, pra ter esse contraponto do Belchior artista e o Belchior pessoa. E ele vem trazendo uma época – menos registrada, talvez – da vida do Belchior.

Desse modo, pensamentos e filosofias de um cara jovem enfrentando o mundo, querendo mudar o mundo, querendo mudar as coisas, querendo melhorar a vida. É bem interessante. Eu acho que é um pouco difícil, assim, explicar, mas faz todo o sentido. É um personagem que é muito importante para o Belchior. (Tal qual) muito importante para a gente essa narrativa também da vida do Belchior e do que ele dizia, do que ele queria dizer, do que ele gostava de dizer. Ao fim, é o que a gente também quer dizer e quer ilustrar com esse espetáculo – e com esse personagem, particularmente.

Serviço

“Belchior – Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”

Quando. 19 a 21 de abril (sexta e sábado, às 21h, e no domingo, às 19h)

Onde. Cine Theatro Brasil Vallourec (Amazonas, 315, Centro/Praça Sete)

Quando. Ingressos: R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Ou R$ 30 (valor social)

Gênero: Musical . Duração: 80 minutos . Classificação Indicativa: Livre

Venda pelo site Eventim

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