Agressões e muita humilhação: como foi volta para o Brasil de extraditados por Trump dos EUA

Brasileiros deportados dos EUA. Foto: Divulgação

Brasileiros deportados dos Estados Unidos relataram agressões, ameaças e condições degradantes durante o voo que os trouxe de volta ao Brasil. O grupo desembarcou no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, no sábado (25), após quase 50 horas de viagem, muitas delas algemados e sob péssimas condições.

Jefferson Maia, um dos deportados, contou que ficou dois meses preso nos EUA após tentar atravessar a fronteira com o México. Ele relatou agressões físicas e condições desumanas no voo: “Passei quase 50 horas acorrentado, sem comer direito. Estou há cinco dias sem tomar banho. Nem cachorro merece ser tratado daquele jeito”, afirmou.

Jefferson disse que foi enforcado por agentes de imigração e que sua algema foi apertada até machucar seu braço, quando os passageiros pediram para sair da aeronave devido a uma falha no motor.

Outros passageiros, como Denilson José de Oliveira, relataram momentos de pânico. Eles afirmaram que só conseguiram chamar a atenção da Polícia Federal após abrir uma porta de emergência do avião em Manaus e pedir socorro do alto da asa. “Parecia que estavam tentando nos matar”, desabafou Denilson.

Ao ser informada sobre a situação, a Polícia Federal interveio e retirou as algemas dos brasileiros. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, classificou o caso como “flagrante desrespeito” aos direitos humanos e informou que o governo enviou um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para transportar os deportados de Manaus a Confins.

O Itamaraty publicou em suas redes sociais que solicitará explicações ao governo dos Estados Unidos sobre o tratamento dado aos passageiros.

Segundo Carlos Vinícius de Jesus, o avião apresentou falhas técnicas e precisou fazer paradas no Panamá e na Louisiana antes de chegar ao Brasil. Os deportados relataram que ficaram longas horas sem ar condicionado, algemados e com acesso limitado a comida e água. “Até para ir ao banheiro era um sacrifício”, contou Carlos.

Aeliton Cândido, que ficou dois anos detido nos EUA, disse que a experiência foi a pior de sua vida: “Agora é respirar e recuperar minha dignidade.” Outros deportados relataram que as famílias foram separadas durante o voo e que agentes americanos agrediram passageiros.

Além das dificuldades no voo, os brasileiros descreveram condições precárias nas detenções nos EUA. “Até cachorro no Brasil come melhor”, disse Lucas Gabriel Maia, que afirmou que a dieta nos centros de detenção consistia basicamente de pão, água e cereal.

A Embaixada dos EUA no Brasil ainda não se manifestou formalmente sobre as acusações. No sábado, afirmou apenas que os brasileiros do voo de repatriação estavam sob custódia das autoridades brasileiras e que o órgão diplomático estava em contato com as autoridades locais.

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