Nunes Marques manda retirar tornozeleira de bicheiro e espanta ministros do STF

Kassio Nunes Marques, ministro do STF. Foto: Felipe Sampaio

Uma decisão polêmica do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), causou surpresa ao ordenar a retirada da tornozeleira eletrônica do bicheiro Rogério Andrade, na última terça-feira (16), por meio de um despacho sigiloso. Essa medida gerou espanto, tanto dentro da Corte quanto entre órgãos de investigação.

Andrade, conhecido por seu envolvimento em atividades ligadas ao jogo do bicho e investigado pela Operação Calígula, estava sob monitoramento eletrônico desde sua prisão em 2022, resultado das investigações sobre uma rede de jogos de azar no Rio de Janeiro. Ele é sobrinho de Castor de Andrade, um dos principais nomes dos crimes ligados ao jogo do bicho no Rio de Janeiro.

O contraventor, cuja soltura foi determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2022, estava sujeito a medidas cautelares como recolhimento noturno e uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, Nunes Marques decidiu dispensar essas restrições, permitindo que Andrade não retorne para casa após as 18h e retirando o dispositivo de monitoramento.

Segundo a jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, a decisão surpreendeu membros da Polícia Federal, responsável pelo relatório que embasou a Operação Calígula, e levantou questionamentos sobre o sigilo do processo e a legalidade das medidas adotadas pelo ministro.

Questionado sobre a decisão, Nunes Marques respondeu que o processo é sigiloso, justificando a confidencialidade da medida. A jornalista também apurou que fontes ligadas à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Polícia Federal indicaram que aguardam a chegada do processo ao órgão para decidir os próximos passos. “Perderam a vergonha”, disse um integrante da PF sobre a ação do ministro indicado por Jair Bolsonaro (PL).

Rogerio Andrade, bicheiro. Foto: reprodução

Nunes também foi alvo de críticas por sua presença em um camarote no Sambódromo do Rio de Janeiro durante o carnaval para assistir aos desfiles das escolas de samba. Uma das agremiações que desfilaram na data foi a Mocidade Independente, presidida por Rogério Andrade.

“Fui aos camarotes institucionais do governo do Rio e da prefeitura, onde estavam muitos outros ministros”, disse Nunes Marques em comunicado para desvincular-se das críticas e associações ao bicheiro.

A defesa de Andrade comemorou a decisão, ressaltando que o contraventor vinha buscando essa liberdade desde o carnaval de 2024, quando sua esposa desfilou como rainha de bateria da Mocidade Independente de Padre Miguel, escola de samba presidida por Andrade.

Rogério tem sido objeto de controvérsias judiciais nos últimos anos, com revogações de prisão e medidas cautelares em seu favor. A decisão de Nunes Marques representa a terceira vitória do contraventor perante a Justiça nos últimos dois anos, indicando uma série de decisões favoráveis ao réu.

Leia a nota de Kassio Nunes Marques enviado à GloboNews na íntegra:

“O ministro Nunes Marques assistiu em fevereiro deste ano pela primeira vez o desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro a convite institucional da Prefeitura do Rio e do Governo do Rio, não tendo nenhuma relação com escola de samba ou seus dirigentes. O processo envolvendo Rogério de Andrade corre em sigilo desde as instâncias inferiores – e não por imposição do STF. Portanto, não será possível encaminhar nenhuma informação”. 

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