Rentismo abutre deseja a piora da saúde do Lula. Por Jeferson Miola

Lula, presidente do Brasil, em evento no Palácio do Planalto. Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

O rentismo abutre não só especula doidamente com o estado de saúde do presidente Lula, como torce pela piora da sua condição clínica.

Presumivelmente, a se considerar o sentimento íntimo do mercado reportado pelo noticiário, o rentismo deseja –ou espera– até mesmo a morte do Lula ou seu impedimento definitivo por alguma sequela neurológica.

A coluna Painel S.A. da Folha de São Paulo menciona [12/12] que “banqueiros, estrategistas e gestores afirmam que a alta da Bolsa e a queda do dólar refletem a expectativa de que a política fiscal avançará com o vice-presidente Geraldo Alckmin no comando”.

O Painel S.A. cita que “dois banqueiros, ouvidos sob anonimato, disseram que a fragilidade da saúde de Lula leva o mercado a apostar que ele não terá condições de sair em campanha, dando margem a um governo pró-mercado. Nas mesas de operação, a conversa é aberta”.

Matéria da mesma edição da Folha registra que “o dólar fechou em forte queda nesta quarta-feira (11) e voltou patamar de R$ 5 pela primeira vez desde 28 de novembro”.

Os pontos na nuca de Lula após queda no banheiro do Palácio da Alvorada. Foto: Gabriela Biló/Folhapress

E contextualiza que “segundo analistas de mercado, a reação repentina, já no fim do pregão, foi atribuída ao novo procedimento médico pelo qual passará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

“A notícia sobre Lula foi veiculada às 16h27, e a divisa imediatamente aprofundou a queda para 2%, atingindo a mínima de R$ 5,950, às 16h35”, complementa.

O sócio-diretor da Pronto Invest Vanei Nagem é explícito: “Não há outra explicação para este movimento, mesmo com [a reunião do] Copom. O mercado começa a especular que o pacote de corte de gastos pode ser aprovado com o Lula afastado. Se o Alckmin fica no lugar dele, fica mais fácil de liberar esse pacote. Além disso, se discute quanto tempo o vice ficaria na presidência”.

Thiago Avallone, da Manchester Investimentos, explica que “essa notícia de um complemento na cirurgia na cabeça do Lula faz total sentido trazer essa valorização para o real”.

Numa alusão implícita ao desdobramento “benéfico” do eventual afastamento de Lula, o financista diz que “é uma questão de ter uma outra linha de raciocínio tocando o país. A responsabilidade fiscal fica mais de um lado do que do outro”.

Nessa mesma linha lúgubre, Paula Zogbi, da Nomad Global, informa que “o sentimento é de maior otimismo com a aprovação das medidas de cortes de gastos, enquanto o mercado monitora a situação de saúde do presidente Lula”.

Em análise no Brazil Journal, oráculo propagandístico do rentismo parasitário, Giuliano Guandalini reconhece que o processo de especulação com a situação de saúde de Lula “chega a ser mórbido”. “Mas há uma realidade econômica por trás de um ambiente em que os ativos se valorizam quando o Presidente está na UTI”, explica.

No artigo, publicado com um título sugestivo –Furaram a bolha do pessimismo–, Guandalini reproduz a percepção do “tesoureiro de um dos maiores bancos do país”, que entende que com a notícia do novo procedimento cirúrgico, “a situação é outra – e a enfermidade do Lula pode ter aberto um alçapão para muita gente no mercado”.

O mercado, esse ente macabro da rapinagem financeira, quer inviabilizar Lula, mesmo sabendo que a inviabilidade do Lula escancara a porteira do inferno fascista.

Publicado no blog do Jeferson Miola

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