CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) recuam em meio a pressões operacionais

As ações da Companhia Siderúrgica Nacional (CSNA3) e da sua subsidiária CSN Mineração (CMIN3) registram queda de 1,73% e 1,21%, respectivamente, nesta quinta-feira (12), um dia após a realização do Investidor Day 2024.

Durante o evento, liderado pelo CEO Benjamin Steinbruch, ao lado dos CFOs Marco Rabello e Pedro Oliva, a empresa detalhou seus planos para o futuro, com destaque para a busca pela redução de alavancagem, desaceleração de investimentos (Capex) e esforços para atingir o grau de investimento nas principais agências de classificação de risco, como S&P, Moody’s e Fitch.

Analistas, no entanto, avaliam que a meta de elevar a nota de crédito ainda está distante da realidade atual da empresa.

Um dos pontos mais controversos para os investidores foi a revisão das projeções de produção da divisão de mineração, considerada “a joia da coroa” da CSN. A nova estimativa para o período de 2027 a 2030 prevê um intervalo de 43,5 a 65 milhões de toneladas (Mt), abaixo do guidance anterior de 53 a 68 Mt. Essa revisão já inclui projetos de expansão importantes, como o Itabirito P15, com início previsto para 2027 e capacidade de 16,5 Mt, além da recuperação de rejeitos do projeto B4, que deve adicionar 2,5 Mt no mesmo ano. Apesar desses esforços, a redução no guidance preocupa o mercado em relação ao impacto na geração de caixa livre (FCF).

Além disso, a projeção otimista da CSN para os preços do minério de ferro em 2025, estimada entre US$ 100 e US$ 110 por tonelada, levantou dúvidas. Muitos investidores e analistas acreditam que os valores estarão abaixo de US$ 100/t, alinhados à média de US$ 99/t projetada por especialistas independentes.

Outro ponto crítico foi o custo de produção, que permanece estável no custo C1 (entre US$ 21,5 e 23/t), frustrando expectativas de reduções mais expressivas, especialmente em comparação com a Vale, que prevê queda de 6,8% no mesmo indicador. Embora o projeto Itabirito P15 tenha potencial para gerar um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) adicional de R$ 4,6 bilhões, as incertezas sobre os preços futuros do minério continuam a ofuscar parte do potencial de valorização.

Na divisão de aço, a CSN prevê uma recuperação moderada em 2025, com projeções de preços médios mais altos nos mercados dos Estados Unidos (US$ 900/t, contra US$ 743/t em 2024) e China (US$ 580/t, contra US$ 478/t). No Brasil, o consumo aparente de aços planos deve crescer 3,2%, enquanto o de aços longos deve aumentar 3,8%. Apesar dessas expectativas, a alta participação de aços importados no mercado interno, que pode alcançar 22% do consumo aparente em 2024, gera preocupações sobre a eficácia de medidas de defesa comercial, como quotas e aumento de impostos.

A divisão de cimentos trouxe um contraponto positivo, com projeções otimistas e desempenho consistente. Outro destaque foi o anúncio da redução do Capex de expansão, que passará de R$ 15,2 bilhões (2025-2028) para R$ 13,2 bilhões (2025-2030), aliviando pressões sobre o fluxo de caixa e ajudando a manter baixos índices de alavancagem.

Além disso, no Investidor Day, a CSN reafirmou seu compromisso com dividendos potentes, destinando entre 80% e 100% do lucro aos acionistas, o que reforça seu histórico de retorno, já acumulando R$ 16,9 bilhões em distribuições desde a sua oferta pública inicial (IPO).

Recomendação e preço-alvo

Analistas da XP Investimentos dizem que, apesar dos esforços da CSN para reforçar sua estratégia de longo prazo e endereçar preocupações com a alavancagem financeira, eles mantêm uma perspectiva neutra para as ações da companhia e de sua subsidiária CMIN. A cautela, segundo eles, reflete dois fatores principais: a projeção pouco otimista para os preços do minério de ferro, impactada pelo desempenho abaixo do esperado do setor imobiliário na China, e a pressão contínua sobre os preços do aço, diante do aumento da concorrência com produtos importados.

No segmento de aço, a XP observa que a crescente paridade de importação de aços planos tem limitado a capacidade da CSN de implementar novos reajustes de preços. Esse cenário, dizem os estrategistas, é agravado pelo avanço dos níveis de importação no mercado interno, dificultando a recuperação de margens. A soma dessas dificuldades sustenta uma visão que a corretora considera prudente sobre as perspectivas de curto e médio prazo para as operações da empresa nos mercados doméstico e global.

A Genial Investimentos diz, em relatório, que a redução no guidance de produção de minério de ferro e a estabilidade do custo C1/t reforçaram a recomendação de “Manter” para as ações da CSN, com corte no preço-alvo para R$ 5,75 (+0,5% de upside). Apesar do otimismo no segmento de cimentos, a desalavancagem (meta de 3x dívida líquida/Ebitda), segundo a corretora, parece insuficiente frente aos 3,3x no terceiro trimestre deste ano, agravada pela alta da Selic para 12,25%. A Genial recomenda as ações com preço-alvo de R$ 12,75 (+10,1% de upside).

O BTG analisa que, apesar dos recentes esforços de alocação de capital e iniciativas de gestão, o banco permanece cauteloso quanto à tese de investimento na CSN, devido à baixa perspectiva de geração de fluxo de caixa livre no médio prazo. Embora a demanda no Brasil apresente sinais positivos, os analistas observam que a capacidade de precificação continua limitada pela fraca demanda chinesa e pelas pressões crescentes das importações.

No mercado internacional, a empresa aposta em uma recuperação de preços. Nos EUA, o chamado “efeito Trump” pode favorecer maior proteção da produção local, enquanto na China, a expectativa de melhora está atrelada a estímulos governamentais, embora os riscos no setor imobiliário ainda sejam expressivos.

O Bradesco BBI, por sua vez, diz que a empresa tem buscado melhorar sua lucratividade em todas as divisões e manter a alavancagem abaixo de 3x dívida líquida/Ebitda. No entanto, os analistas afirmam que a recomendação permanece neutra para as ações da CSN, com preço-alvo de R$ 15, uma vez que a geração de fluxo de caixa livre continua pressionada nos próximos anos, principalmente devido ao alto programa de Capex Além disso, de acordo com eles, os investidores devem levar mais tempo para precificar os benefícios e o Ebitda incremental dos projetos futuros.

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