Bandeiras Azuis foram hasteadas em Balneário Camboriú

Presidentes das Associações de Moradores não foram convidados para a solenidade e questionaram falta de alguns critérios, como os banheiros, e a Secretaria do Meio Ambiente explicou

A Temporada Bandeira Azul 2024/2025 em Balneário Camboriú começou na quinta-feira (12), nas praias de Taquaras, Estaleiro e Estaleirinho.

A Bandeira Azul fica hasteada nas três praias nos horários em que houver guarda-vidas (das 8h às 19h30) e a temporada vai até 15 de março de 2025, podendo ser estendida.

Lideranças das Associações de Moradores das três praias não foram convidadas para o hasteamento e moradores ainda relataram que há alguns critérios exigidos (como manutenção das estruturas e disponibilização de banheiros) que não foram atendidos.

No momento em que as bandeiras estavam sendo hasteadas nas três praias, os presidentes das Associações de Moradores e empresários da região estavam em uma reunião com o Comandante Márcio Leandro Favoretto, no 12BPM, tratando assuntos relativos à segurança.

Laurindo Ramos, empresário do setor hoteleiro, morador das praias e ex-presidente da Associação de Moradores do Estaleiro, disse que na quinta-feira (12) às 10h registrou a ausência de itens essenciais para a certificação Bandeira Azul, como banheiros, acessibilidade e condições adequadas nos decks.

“No mesmo dia, à tarde, a Prefeitura mobilizou cargos comissionados, funcionários efetivos e estagiários para hastear as bandeiras de forma irresponsável, sem atender os critérios exigidos. Essa atitude coloca em risco a manutenção da certificação, podendo levar ao cancelamento este ano ou a penalizações futuras, devido a essa evidente falta de planejamento”, diz.

Ele segue dizendo que o prefeito Fabrício Oliveira, ao compartilhar um vídeo exaltando o hasteamento, demonstra total ‘falta de coerência e respeito com o processo’.

“É inadmissível exibir essa conquista como definitiva quando os requisitos não estão sendo cumpridos. Além disso, a decisão de remendar os decks com madeiras de cores e, possivelmente, qualidades diferentes, reforça a negligência em preservar a integridade das praias agrestes, que são um patrimônio ambiental e turístico da nossa cidade”, opinou.

Além disso, Laurindo apontou ainda a ausência das associações de moradores no hasteamento – o que ele considera um desrespeito grave.

“Essas associações sempre participaram ativamente desse processo e possuem relevância em conselhos estratégicos, como o Plano Diretor, o Conselho da Cidade e o Plano de Manejo da APA. Ignorá-las no final de mandato reflete uma gestão que não valoriza a participação popular. Enquanto morador, suplente de vereador e empresário hoteleiro, manifesto minha indignação com essa condução abrupta e irresponsável da gestão municipal. O Bandeira Azul não é apenas um título, é um compromisso com critérios rigorosos que garantem qualidade e sustentabilidade. Se não houver respeito pelas praias e pelas comunidades que lutam para preservá-las, comprometeremos o futuro dessas conquistas. Precisamos de transparência, respeito e responsabilidade para que Balneário Camboriú seja referência, e não alvo de críticas”, completou.

O atual presidente da AME, Omar Cuello, confirmou que a Bandeira Azul foi hasteada e que não foi convidada ‘nenhuma autoridade’ para uma cerimônia tão importante.

“O banheiro não está, deveriam colocar, e também repetir a cerimônia, convocando as autoridades. Nós que representamos as associações não fomos convidados. Espero que com a nova prefeita [Juliana Pavan] façam isso. Estamos indignados com as atuais autoridades da prefeitura”, disse.

O que diz a secretária do Meio Ambiente

A atual secretária do Meio Ambiente de Balneário Camboriú, Eduarda Montibeller [que reassumiu o cargo no lugar de Maria Heloísa Lenzi no fim de novembro], contou que neste ano optaram por não fazer cerimônia e só hastear e iniciar a temporada.

“Tínhamos prazo até domingo (15) para hastear. Eu reassumi a secretaria, a Heloísa pediu exoneração e eu voltei, quando voltei já estava estruturado que não teria cerimônia como fazemos todos os anos. Não sei o motivo, só dei o prosseguimento para hastear”, disse.

Sobre a questão dos banheiros, Eduarda disse que todo ano atendem a todos os critérios do Bandeira Azul, se não nem conseguiriam hastear as bandeiras.

“Todos os anos os banheiros são licitados e neste ano uma empresa entrou com recurso na licitação e atrasou a entrega, mas serão entregues o quanto antes. Não poderíamos esperar a licitação sair, porque precisávamos hastear. Eu expus o problema na licitação para o programa Bandeira Azul, entramos num acordo, conversamos com restaurantes das praias, que abriram os banheiros ao público”, informou.

Segundo a secretária, os restaurantes podem até cobrar para que os banheiros sejam utilizados, caso haja necessidade (segundo ela, o Bandeira Azul não vê problema nisso e apenas exige que os banheiros estejam funcionando e estejam limpos).

“Será somente até resolvermos a licitação. Assim que resolvido, já instalamos de imediato, porque sabemos que infraestrutura é sempre bem-vinda. Em janeiro iniciam as atividades de educação ambiental também, como acontecem todos os anos. Os decks foram reformados também, no Estaleiro fizemos bancos para o pessoal sentar e apreciar a paisagem. Tudo o que era exigido, foi realizado”, completou.

Saiba mais sobre o Bandeira Azul

Bandeira Azul é um prêmio internacional ecológico concedido a praias e marinas que atenderam a critérios referentes à qualidade da água, gestão ambiental, segurança, serviços, educação e informação ambiental, entre outros. Esses critérios devem ser mantidos e comprovados anualmente.

Ao receber o reconhecimento (e a bandeira para hasteamento), praias e marinas asseguram não apenas a preservação dos ecossistemas, mas também um ambiente seguro e organizado para os visitantes.

As praias do Estaleiro e Estaleirinho estrearam no Programa Bandeira Azul na temporada 2018/2019 e, desde então, renovam a certificação anualmente. Já Taquaras obteve o reconhecimento do programa pela primeira vez em 2022.