General diz que Exército vive momento de “angústia” após prisão de Braga Netto

O general do Exército Guido Amin Neves, futuro ministro do Superior Tribunal Militar (STM), afirmou que as Forças Armadas têm sofrido com os “tempos instáveis” do Brasil. Durante solenidade de despedida no Comando Militar do Sudeste, na zona sul de São Paulo, ele ainda afirmou que as crises têm causado aflição à corporação.

“Temos uma série de questões dos três Poderes, e o Exército, como instituição do Estado, passa por uma angústia pelos caminhos que as coisas vão tomar”, afirmou à Folha de S.Paulo. A declaração foi dada dias após a prisão do general Walter Braga Netto por interferência no inquérito do golpe.

Durante seu discurso, o general citou “momentos incertos e desafiadores” do Exército, mas alegou que a Força tem compromisso com a legalidade. “Como uma instituição que preza pela legalidade, pela institucionalidade, entende que isso seja um processo de maturação da sociedade. É preciso muito caráter moral para tomar decisões nesse contexto”, prosseguiu.

Amin foi escolhido pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva, para o Comando do Sudeste e agradeceu o chefe da Força em seu discurso. “Sou testemunha ocular do seu esforço, resiliência, preocupação com a Força e com seus subordinados e acerto na condução do Exército em momentos tão incertos e desafiadores, diante de situações difíceis e da incompreensão de tantos”, afirmou.

O evento desta quarta (18) também marcou a posse do general Pedro Celso Coelho Montenegro, novo comandante no cargo, que fez um discurso protocolar e não mencionou o cenário político.

O Exército tem tentado se distanciar de Braga Netto após a prisão, mas oficiais-generais afirmam que sua ida à cadeira gera constrangimentos para a caserna. Eles alegam que o bolsonarista participou da trama como político e já havia se afastado da cúpula das Forças Armadas desde 2022.

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