B3 aposta em diversificação e investidores individuais; como analistas veem as ações?

B3 Bovespa Bolsa de Valores de São Paulo (Germano Lüders/InfoMoney)

A B3 (B3SA3) quer fortalecer sua atuação no mercado de capitais enquanto amplia suas atividades em áreas complementares, segundo expectativa da empresa revelada no B3 Day, na quarta-feira (18), evento conduzido pelo CEO Gilson Finkelsztain. Com 80% das receitas em crescimento, mesmo em um cenário de juros elevados, a expectativa é que 2024 seja um marco, preparando o terreno para a retomada do crescimento da receita em 2025.

Conforme relatório da XP Investimentos, o fortalecimento do negócio principal foi destacado como uma prioridade. A B3 trabalha para consolidar sua posição como principal plataforma de infraestrutura para os mercados de capitais no Brasil. Os analistas dizem que os recentes investimentos em tecnologia e dados têm garantido estabilidade em suas receitas, mesmo com a redução na participação do mercado à vista. Essa diversificação, que está em linha com o núcleo do negócio, permite à empresa ampliar suas fontes de receita sem comprometer a solidez de suas operações.

Apesar da retração em receitas oriundas do mercado à vista, a corretora observa que o crescimento em segmentos como tecnologia, dados e serviços tem compensado a queda. Esses setores registraram um crescimento anual composto (CAGR) de 23% nos últimos cinco anos. A empresa projeta que diversos segmentos de suas operações continuarão apresentando crescimento de dois dígitos, independentemente do cenário de juros no país.

Entre os novos mercados explorados pela B3, a XP destaca produtos ligados à economia cripto, mercados de crédito privado, duplicatas, soluções para investidores internacionais e serviços de análise de dados. Essas iniciativas, de acordo com os estrategistas, mostram a busca por ampliar sua oferta, atendendo a diferentes demandas do mercado.

No campo competitivo, a B3 mantém uma posição dominante, especialmente no mercado OTC (de balcão), um ambiente paralelo de negociação de ativos no mercado, onde detém 95% de participação. Para lidar com a entrada de novos competidores estrangeiros e locais, a empresa diz que tem investido na ampliação de sua oferta de produtos e no estreitamento do relacionamento com clientes. A estratégia é agregar valor às soluções oferecidas, evitando disputas baseadas apenas em preço.

Durante o evento, a B3 também apresentou um novo formato para segmentar suas receitas. O CFO André Milanez explicou que a mudança permitirá maior clareza para investidores ao diferenciar receitas cíclicas de recorrentes. Essa nova abordagem, embora altere a comparabilidade histórica, deve trazer mais transparência e facilitar a análise futura da performance da companhia, segundo a XP.

Negócio principal

A B3 também reforçou seu compromisso com o fortalecimento de seu negócio principal como plataforma de suporte ao mercado de capitais. A empresa destacou que, apesar da diversificação de suas operações nos últimos anos, mantém como foco o crescimento e a resistência de seu core business. Segundo o executivo, 2024 representou um ponto de recuperação, com a retomada do crescimento em receita, mesmo diante de um cenário de juros elevados. A diversificação das fontes de receita foi apresentada como um pilar estratégico, contribuindo para mitigar os impactos da volatilidade do mercado.

Finkelsztain apontou o mercado de derivativos como um dos principais motores de crescimento, com expansão nos últimos cinco anos, especialmente nos produtos da família DI e novos contratos, como futuros de Bitcoin. Ele também destacou mudanças no comportamento dos investidores em relação aos juros futuros, que passaram a concentrar maior liquidez em prazos mais longos devido à incerteza na política monetária. Além disso, embora a renda variável represente menos de 20% do faturamento da empresa, a diversificação e o desenvolvimento de novos produtos dentro do core business garantem resultados robustos e perspectivas positivas para a B3.

Marketplace

A B3 afirmou que está direcionando esforços para se aproximar do investidor pessoa física, ampliando sua atuação além do foco tradicional no mercado B2B. No evento, executivos detalharam a nova abordagem da administradora da bolsa, que envolve estratégias diferenciadas para atender aos variados perfis de investidores individuais a partir de 2024.

Os investidores foram segmentados em grupos distintos. Para os chamados clientes digitais, que geralmente investem valores menores, a B3 pretende fortalecer a oferta de soluções voltadas ao Tesouro Direto.

Já para os clientes sofisticados, que incluem investidores de alta renda com portfólios diversificados, a empresa planeja expandir a Área do Investidor. Esse espaço, já acessível a quem investe em ações, deverá se transformar em um marketplace com novas funcionalidades. Hoje, a plataforma permite operações como transferência de custódia e voto à distância em assembleias. Entre as novidades em teste, está uma ferramenta que possibilitará o recolhimento de imposto de renda diretamente no ambiente.

A B3 também busca atender aos traders, um grupo em crescimento, embora de menor volume de transações. A estratégia inclui a ampliação do portfólio de produtos, com planos de adicionar contratos futuros de outras criptomoedas, além de bitcoin, e de commodities como ouro.

Por fim, a B3 anunciou que está desenvolvendo uma estratégia para atrair investidores pessoa física fora do Brasil, com iniciativas que buscam facilitar o processo de adesão e acesso desses novos participantes ao mercado brasileiro.

Recomendações

A XP aponta que, em 2025, a empresa espera retomar o crescimento da receita, mesmo em um cenário de altas taxas de juros. “Apesar das nossas impressões positivas do B3 Day, mantemos nossa visão conservadora sobre as ações, pois não vemos gatilhos de curto prazo (com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 14 por ação)”, avalia.

Já o Itaú BBA tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), mas também com preço-alvo de R$ 14. “Vemos que a B3 está sendo negociada atualmente a 10 vezes o múltiplo do preço sobre lucro para 2025, com mais de 50% de desconto em relação aos pares e a si mesma. Eventualmente, o ‘valor’ voltará a entrar em jogo, e a B3 estará gritando qualidade e valor com um modelo de negócios simples”, apontam os analistas.

O Goldman Sachs também tem recomendação de compra, mas com preço-alvo menor, de R$ 12, também destacando o desconto do valuation e um portfólio diversificado de receita.

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