Deputado bolsonarista recebeu propina de empresário, diz delação de Gritzbach

O deputado Olim, citado na delação de Gritzbach, ao lado de Eduardo e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

O deputado estadual Delegado Olim (PP), um dos principais nomes do bolsonarismo na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), está sendo investigado por seu suposto envolvimento em um esquema de corrupção, conforme revelações feitas pelo empresário Vinicius Gritzbach. Em depoimento prestado ao Ministério Público de São Paulo (MP-SP) antes de ser executado no Aeroporto de Guarulhos, Gritzbach relatou o pagamento de R$ 4,2 milhões em propinas a autoridades, incluindo Olim.

O diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), Fábio Pinheiro Lopes, e o delegado Murilo Fonseca Roque também foram citados na delação. O MP e a Corregedoria da Polícia Civil já iniciaram investigações sobre o assassinato do empresário e a ligação entre policiais e membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) .

Segundo o depoimento de Gritzbach, o pagamento de propina teria ocorrido em abril de 2022, por intermédio do advogado Ramsés Benjamin Samuel Costa Gonçalves. Em troca, as autoridades envolvidas ajudariam o empresário a recuperar o passaporte apreendido, desbloquear seus bens e garantir sua liberdade durante os processos em que estava envolvido.

O delator alegou que pagou parte da quantia em espécie, incluindo uma transferência bancária de R$ 300 mil, e entregou dois apartamentos como forma de pagamento. O deputado Olim, que é líder do PP na Alesp além de ser policial, confirmou ter participado de uma reunião com o advogado e os delegados, negou qualquer envolvimento com a corrupção e afirmou que sua atuação se limitou a facilitar o contato entre as partes.

O parlamentar também apresentou mensagens em que desautorizava Ramsés a utilizar seu nome e afirmou que tomaria medidas legais contra o advogado. A versão de Gritzbach, segundo a Polícia Federal, foi corroborada por gravações e documentos apresentados pelos investigadores.

Vinicius Gritzbach citou deputado Olim antes de ser executado pelo PCC. Foto: reprodução

A delação, que também envolveu outros membros da Polícia Civil, levou ao afastamento de Fábio Pinheiro Lopes e Murilo Roque de seus cargos. Ambos negaram as acusações, assim como o advogado Ramsés, que se disse contrário a qualquer pagamento de propina dentro da Polícia Civil.

A Corregedoria da PC e o MP-SP seguem apurando o caso, que também envolve o possível envolvimento do deputado Olim em práticas ilícitas. Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) afirmou que está conduzindo as investigações com rigor e que tomará as medidas necessárias caso sejam confirmadas irregularidades.

Já o deputado bolsonarista afirmou que recebe as notícias com “veemente indignação”. “Não conheço, nunca estive ou recebi pessoalmente, o senhor Vinicius Gritzbach. Não mantive qualquer contato próximo ou mediato com essa pessoa”, escreveu o parlamentar. Veja a nota na íntegra:

“Recebo, com veemente indignação, notícias acerca do meu nome e de outras honradas autoridades com fatos nebulosos, imprecisos e improvados, os quais não guardam qualquer relação com a realidade. Não conheço, nunca estive ou recebi pessoalmente, o senhor VINICIUS GRITZBACH. Não mantive qualquer contato próximo ou mediato com essa pessoa. Nunca intermediei ou atuei pela gestão de procedimentos judiciais ou extrajudiciais a respeito dele, quem só soube existir quando do seu homicídio, publicamente divulgado, no aeroporto de Guarulhos. Também não tenho amizade, e não guardo nenhuma relação próxima com o advogado de prenome RAMSES. Na condição de Deputado Estadual, eu e outras autoridades, recebemos e atuamos em favor da cidadania e para atender legítimos interesses de pessoas que demandam ajuda. Esse, aliás, é o bom ofício de autoridades públicas que agem pelo povo, a quem representamos e quem nos confia responsabilidades. Repudio e expresso a minha cabal indignação ao uso de meu nome de forma vil, gratuita e indevida. Não recebi nenhuma notificação oficial a respeito desses fatos, e sigo absolutamente sereno com relação a esse episódio, sobre o qual haverei de me posicionar, cobrando das autoridades os esclarecimentos e demandando as responsabilidades devidas, no momento e nas vias apropriadas para fazê-lo”.

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