Datafolha: 64% dos brasileiros defendem fim da escala 6×1

Manifestantes em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6x1, na Cinelândia, no Rio de Janeiro - Tânia Rêgo/Agência Brasil
Manifestantes em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6×1, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, em novembro de 2024 – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Uma pesquisa recente do Datafolha revelou que o fim da escala 6×1 tem o apoio de 64% dos brasileiros, enquanto 33% são contrários e 3% estão indecisos. A temática, que se tornou pauta de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), tem sido amplamente discutida nas redes sociais e no Congresso Nacional.

Realizada nos dias 12 e 13 de dezembro, a pesquisa ouviu 2.002 pessoas em 113 municípios do país. Segundo o levantamento, 70% dos entrevistados acreditam que a jornada ideal deve ser de cinco dias por semana. Outros 17% defendem seis dias e 7% preferem quatro dias. Além disso, 82% consideram que o limite diário de trabalho deve ser de até oito horas, enquanto apenas 7% apoiam jornadas entre oito e 12 horas diárias.

A pesquisa também destacou diferenças significativas entre grupos:

Gênero: 70% das mulheres apoiam a redução da jornada, contra 40% dos homens.

Idade: Jovens entre 16 e 24 anos são os mais favoráveis (81%), enquanto 48% dos entrevistados com 60 anos ou mais são contrários.

Renda: 68% dos entrevistados com renda de até dois salários mínimos apoiam a redução. Já entre aqueles com renda acima de cinco salários mínimos, 43% se opõem.

Cor: O apoio é maior entre pessoas pretas (72%) e pardas (66%), comparado a brancas (59%).

A margem de erro é de dois pontos percentuais para o total da amostra e varia entre três e seis pontos nos subgrupos.

Manifestação do Movimento Vida Além do Trabalho, pessoas com faixas e cartazes aglomeradas na rua
Manifestação do Movimento Vida Além do Trabalho – Letycia Bond/Agência Brasil

A PEC proposta pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP) sugere uma jornada de 36 horas semanais, distribuídas em quatro dias. Segundo Naercio Menezes Filho, pesquisador do Insper, a medida pode melhorar a qualidade de vida, permitindo mais tempo com a família e oportunidades de lazer. Ele defende, contudo, uma transição para o modelo 5×2 como um caminho mais viável:

“Mudar para uma escala 4×3 é muito drástico, os impactos nas empresas seriam grandes demais, mas é razoável passar para o máximo de 5×2, de oito horas com pagamento de hora extra acima disso e a possibilidade de ter dois dias de folga para se dedicar aos filhos, por exemplo”.

Clemente Ganz Lúcio, do Dieese, argumenta que a baixa produtividade do trabalhador brasileiro é resultado de deficiências educacionais e tecnológicas. “A discussão da produtividade, em geral, é associada ao trabalhador, mas ela é a relação entre tecnologia e trabalho. Temos uma força de trabalho com defasagem educacional e tecnológica, mas devemos ter, pelo segundo ano consecutivo, crescimento industrial e podemos dar um salto em termos de produtividade”.

Apoio transcende polarização política

O tema tem unido diferentes espectros políticos. Entre os eleitores do presidente Lula (PT) em 2022, 73% apoiam a redução, assim como 53% dos que votaram em Jair Bolsonaro (PL). A proposta também divide opiniões sobre se a jornada deve ser definida por lei (58%) ou por negociação entre patrões e empregados (39%).

Fernando de Holanda Barbosa Filho, do FGV Ibre, alerta para os impactos econômicos da medida. Segundo ele, empresas de pequeno porte podem enfrentar dificuldades para absorver os custos, resultando em demissões ou fechamento. Ele também pondera que trabalhadores de setores como o comércio, que dependem de comissões, podem perder renda com a redução de horas.

A discussão também envolve a produtividade empresarial. Barbosa considera que imposições legais podem gerar efeitos indesejáveis, especialmente em setores que necessitam de maior flexibilidade.

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