Queijaria Reis Moreira produz Queijo Minas Artesanal há 6 gerações

queijaria reis moreira

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A Queijaria Reis Moreira é sustento de família há seis gerações (Foto: Nelson de Almeida)

A história de Vanderlino Moreiro com o Queijo Minas Artesanal começa quando ele ainda era criança, vendo o pai e o avô produzirem a iguaria em casa. Não dá para saber com quem eles aprenderam ou quando exatamente essa tradição começou. Com registro, é pelo menos desde os anos 1960, fazendo com que a produção deles seja uma das mais antigas e ininterruptas do estado. Também é a primeira a obter o selo de garantia de qualidade, que começaria a mudar essa história no âmbito nacional e internacional. Localizados na Fazenda Chicão, na Serra do Salitre, esse modo de fazer o queijo, que foi reconhecido como patrimônio imaterial pela Unesco, também na família foi passando de geração em geração. Agora, os netos também participam da produção e vão a feiras vender os produtos. Já são pelo menos seis gerações envolvidas nesse fazer, que exige “técnica, dedicação e amor”, como a família define.

Apesar de várias fazendas produtoras de Queijo Minas Artesanal serem bem conectadas às principais inovações tecnológicas da área e produzirem para vender para todo país, são os casos de produções familiares como o da Queijaria Reis Moreira os responsáveis por fazer com que a tradição do queijo se espalhasse. E também foram eles que estiveram à frente da luta pelo reconhecimento que garantisse que o sustento de cada um fosse possível. “Quando a gente começou era difícil, foi uma luta grande para conseguir todas as licenças”, conta Vanderlino, aos 71 anos.

A produção de queijo exige um cuidado diário, sem descanso para todos os envolvidos. Além dele, sua mulher, Geralda, seus filhos e seus netos também se dedicam à produção. São aproximadamente 80 vacas na fazenda produzindo 120 kg de queijo por dia. Essa quantidade não é suficiente, no entanto, para atender toda a demanda que eles têm: é gente entrando em contato pelo Instagram, WhatsApp e pedindo uma produção maior. Mas, como a família lembra, não tem como “crescer mais que as pernas”. Do tamanho que estão, conseguem comercializar em casa, vendendo para quem vai até lá ou em feiras, sem correr risco de prejuízo.

Os desafios para essa produção, afinal, continuam se impondo, com dificuldades diferentes com o passar do tempo. Se no passado Vanderlino se lembra dos problemas para conseguir enviar um Queijo Minas Artesanal para outro estado, devido à falta de certificação, hoje ele e a família precisam constantemente se atualizar quanto as normas. Além disso, ele destaca que a seca é outro desafio para o tratamento do gado.

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Geralda aprendeu a fazer queijo com o marido e mantém tradição (Foto: Nelson de Almeida)

Girolando e jersolando

Há dois aspectos que fazem toda a diferença no sabor final do queijo: a localização geográfica, que interfere nas etapas de produção, e o tipo de gado leiteiro. Como a exigência é que toda fazenda produza o próprio leite para a produção correta do Queijo Minas Artesanal, isso faz toda a diferença. Na Queijaria Reis Moreira, eles usam o gado girolando e o jersolando, que são vacas resultantes de cruzamento entre raças diferentes e que são as “queridinhas” dos produtores. No caso do gado girolando, trata-se de um cruzamento entre o touro gir e as vacas holandesas. Já no caso dojersolando, entre vacas holandesas e touros jersey.

Como explica Vanderlino, esse cruzamento proporciona um leite leve e gorduroso, unindo as características mais interessantes de cada raça. “Muita gente acha que o queijo bom é o da Canastra. O outro, é o queijo Minas”, Vanderlino conta, sobre o desconhecimento das pessoas sobre essas características. Mas, sua filha, Gisiane, garante: “Cada fazenda consegue agregar seus próprios sabores”.

Criações originais

Não é só a tradição a responsável por garantir a força da Queijaria Reis Moreira todos esses anos no mercado. A capacidade de criar também é um destaque entre esses produtores, que fazem pelo menos sete variações de queijos diferentes, sendo os resinados, ainda, em outras sete cores. O fresco, temperado, maturado, defumado, capa preta e coloridos, envelhecidos e bolinha já foram premiados e continuam a atrair novos clientes. 

O queijo bolinha, por exemplo, é uma invenção da família. Era um prato que Geralda Moreira começou a fazer para os filhos, com muito queijo, farelo de polvilho e cebolinha. É como se fosse uma variação do salgado bolinha de queijo, mas com um sabor diferenciado pelo Queijo Minas Artesanal. “A gente fazia para a gente, mas quando provavam, queriam levar pra casa. Aí começamos a fazer para vender”, conta. Para eles, manter essas características e continuar inventando, quando podem, é o segredo para que a tradição permaneça. Não à toa, os netos de Vanderlino, que estão entre 13 e 22 anos, já conseguem dar conta da produção sozinhos. 

*A repórter viajou a convite da Secult

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