Braga Netto é general modelo em livro delirante do Exército sobre intervenção no RJ

General Walter Braga Netto. Foto: Isac Nóbrega/PR

O general Walter Braga Netto, atualmente preso por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado em 2022, foi retratado como figura central no livro “Intervenção Federal na Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro em Imagens”, publicado pela Biblioteca do Exército em 2019. A obra, com 80 páginas e 74 fotografias, destaca Braga Netto em diversas poses, mas omite dados sobre os resultados negativos da intervenção federal que comandou em 2018, uma operação que custou R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos.

De acordo com o jornalista Jorge Antônio Barros, que analisou o livro, o período foi marcado por um aumento expressivo na violência letal. “O ano de 2019 registrou o maior número de mortos por policiais desde 1998: 1.546 vítimas apenas até outubro”, apontou Barros, citando dados do Observatório da Intervenção. Além disso, 36,1% das mortes no período foram causadas por agentes do Estado, um recorde no Rio de Janeiro.

Fotos: Biblioteca do Exército/Sd R.Menezes e Cb Francilaine

Durante a intervenção, também ocorreu o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, a apenas três quilômetros do gabinete de Braga Netto. O então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, que aparece ao lado do general em uma das fotografias do livro, foi preso em 2024 acusado de acobertar os mandantes do crime. A publicação, no entanto, omite qualquer menção a esses eventos e aos problemas estruturais da segurança pública.

“A história da intervenção foi patética”, declarou Barros, destacando que o modelo de segurança pública adotado pela gestão de Braga Netto focou em confrontos armados e grandes operações, sem enfrentamento efetivo às milícias ou à corrupção policial. A crise de violência no Rio já vinha se agravando antes da intervenção, com 134 policiais mortos em 2017, mas permaneceu crítica durante a gestão militar.

A publicação tem sido criticada por funcionar como peça promocional, ignorando as falhas e os impactos negativos da intervenção. “Foi uma gestão de espetáculos midiáticos e pouco resultado efetivo”, afirmou Barros. O relatório final do Observatório da Intervenção concluiu que a operação não trouxe mudanças significativas na segurança pública do estado.

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