Morre Jimmy Carter, ex-presidente dos EUA, aos 100 anos

Jimmy Carter, presidente dos EUA, e sua mulher Rosalynn com o ditador Ernesto Geisel

Jimmy Carter, o 39º presidente dos Estados Unidos, faleceu neste domingo (29), aos 100 anos. Conhecido por sua gestão marcada por crises econômicas internas e esforços de paz globais e frustrados, Carter foi também um dos presidentes mais ativos após deixar a Casa Branca, sendo agraciado com o Prêmio Nobel da Paz em 2002.

Nascido em 1º de outubro de 1924, em Plains, Geórgia, James Earl “Jimmy” Carter Jr. começou sua trajetória como fazendeiro antes de ingressar na Marinha. Posteriormente, assumiu os negócios da família e iniciou sua carreira política como senador estadual, destacando-se por combater a discriminação racial e por reformas administrativas. Em 1970, foi eleito governador da Geórgia, onde sinalizou o fim da segregação racial no estado.

Em 1976, Carter venceu as eleições presidenciais, tornando-se um símbolo de mudança após o escândalo Watergate. Sua gestão enfrentou grandes desafios internos, como a crise energética e o aumento da inflação, mas também foi marcada por conquistas internacionais, incluindo a mediação dos Acordos de Camp David, que estabeleceram a paz entre Israel e Egito.

A presidência de Carter foi abalada pela crise dos reféns no Irã, onde 52 americanos foram mantidos em cativeiro por 444 dias. O fracasso em resolver a situação e a operação militar desastrosa para resgatar os reféns impactaram negativamente sua popularidade, contribuindo para sua derrota na reeleição em 1980 para Ronald Reagan.

A relação com o Brasil e o impacto sobre a ditadura militar

Durante seu governo, Carter também redefiniu as relações dos Estados Unidos com o regime militar brasileiro, adotando uma postura de crítica aos abusos de direitos humanos. Em 1978, sua esposa, Rosalynn Carter, visitou o Brasil e gerou tensões com o governo de Ernesto Geisel ao encontrar dois missionários americanos presos e espancados em Recife, acusados de subversão.

Naquele mesmo período, a administração Carter apresentou ao Congresso americano um relatório detalhado sobre as violações de direitos humanos no Brasil. O documento expunha práticas como tortura, prisões arbitrárias e censura, destacando a continuidade dessas ações mais de uma década após o golpe militar de 1964. A publicação causou indignação no governo brasileiro e tornou-se um marco na pressão internacional contra regimes autoritários na América Latina.

Após deixar o cargo, Carter fundou o Centro Carter, uma organização dedicada à resolução pacífica de conflitos e à promoção de direitos humanos. Sua atuação em missões diplomáticas e humanitárias ao redor do mundo consolidou sua imagem como um defensor da paz e da justiça social.

Jimmy Carter deixa quatro filhos. Sua longa vida pública e sua dedicação a causas globais são um exemplo de liderança focada na reconciliação e na busca por soluções para os problemas mais desafiadores da humanidade. Sua passagem será lembrada como um símbolo de perseverança e compromisso com valores universais.

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