Dólar fecha a R$ 6,17 e acumula alta de 27% ao longo de 2024

O dólar encerrou o último pregão de 2024 nesta segunda-feira, 30, cotado a R$ 6,1797, em leve queda de 0,22% após intervenção do Banco Central (BC), que realizou um leilão de US$ 1,815 bilhão à vista para conter a alta da moeda.

Apesar do recuo no dia, a moeda acumulou uma valorização de 27,35% ao longo do ano, impulsionada por incertezas fiscais e fatores externos, como os juros nos Estados Unidos.

O mercado financeiro tem demonstrado crescente preocupação com a capacidade do Brasil de controlar a dívida pública.

O governo federal tenta cumprir a meta de zerar o déficit público em 2024 e 2025, conforme estabelecido no novo arcabouço fiscal.

Contudo, especialistas avaliam que o pacote de corte de gastos anunciado em novembro é insuficiente para garantir estabilidade fiscal no longo prazo.

Intervenções do Banco Central na cotação do dólar e cenário fiscal

Durante o último pregão do ano, o dólar chegou a atingir R$ 6,2422 na máxima do dia, mas recuou após a intervenção do BC.

Os leilões de dólar são uma estratégia para aumentar a oferta da moeda no mercado e reduzir sua cotação.

A alta acumulada de 27,35% em 2024 reflete um cenário de incerteza tanto interno quanto externo.

Fatores como os conflitos internacionais e o aumento dos juros nos Estados Unidos contribuíram para a valorização do dólar. Internamente, a falta de confiança na efetividade do pacote fiscal brasileiro ampliou os temores do mercado.

De 6 de novembro a 17 de dezembro, o dólar saltou de R$ 5,67 para R$ 6,07, uma alta de 7,40%.

O avanço foi impulsionado pela percepção de risco associada ao aumento da dívida pública, à incapacidade de promover cortes profundos nas despesas e às declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O presidente sinalizou resistência a ajustes em gastos estruturais, como Previdência e pisos constitucionais para saúde e educação.

Pacote fiscal enfrenta ceticismo

O pacote de cortes de gastos do governo foi aprovado pelo Congresso com alterações que reduziram a economia prevista de R$ 71,9 bilhões para R$ 69,8 bilhões nos próximos dois anos.

Segundo a XP Investimentos, o potencial de economia fiscal pode ser ainda menor, em torno de R$ 44 bilhões, devido a limitações estruturais e ao aumento projetado de despesas obrigatórias.

O governo pretende não apenas zerar o déficit público em 2024, mas também gerar superávit a partir de 2026, conforme estipulado pelo arcabouço fiscal.

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No entanto, analistas alertam que o ritmo acelerado de crescimento de despesas obrigatórias pode anular os efeitos do pacote no médio prazo.

Ibovespa sofre impacto e fecha em queda no ano

O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, encerrou o último pregão do ano com leve alta de 0,01%, aos 120.283 pontos, mas acumulou uma queda de 10,36% em 2024.

As perdas refletem a aversão ao risco gerada pela incerteza fiscal e os efeitos dos juros altos no Brasil e no exterior.

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Em novembro, as contas do setor público consolidado apresentaram déficit primário de R$ 6,6 bilhões, uma melhora em relação ao mesmo mês de 2023, quando o déficit foi de R$ 37,3 bilhões.

No entanto, as estatais acumulam, até novembro de 2024, um déficit histórico de R$ 6 bilhões.

Segundo interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o governo pode anunciar novas medidas para reforçar o controle fiscal e reverter o cenário de pessimismo no mercado financeiro, uma maneira de tentar equilibrar a alta do dólar e a queda da Ibovespa.

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