Julgamento de Mariana será retomado pela Justiça britânica em 13 de janeiro

área devastada pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG)
Área devastada pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG) – Antonio Cruz/Agência Brasil

Publicado originalmente pela Agência Brasil

O tribunal britânico que analisa a responsabilidade da mineradora angloaustraliana BHP pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana (MG), ocorrido em 2015, retomará o julgamento no dia 13 de janeiro de 2025. A Samarco é uma joint venture entre a brasileira Vale e a subsidiária da BHP no Brasil. Com informações da Agência Brasil.

O processo, conduzido na Corte de Tecnologia e Construção de Londres, foi iniciado pelo escritório de advocacia Pogust Goodhead (PG), representando 620 mil pessoas, 46 municípios e 1.500 empresas impactadas pelo desastre. A Vale não é ré nesta ação. As audiências começaram em 21 de outubro e foram interrompidas em 20 de dezembro devido ao recesso de fim de ano.

Durante os dois primeiros meses, foram apresentados documentos e ouvidos depoimentos de várias testemunhas. Segundo o escritório PG, a Samarco tinha conhecimento desde 2013 de que a barragem operava acima dos limites seguros e não havia um plano de evacuação adequado para o distrito de Bento Rodrigues, onde estava localizada.

Um ex-engenheiro da BHP também admitiu em depoimento que sabia de rachaduras na estrutura desde 2014, mas as ações preventivas foram insuficientes. Os advogados das vítimas argumentam que a BHP exercia controle estratégico sobre a Samarco, influenciando auditorias, operações e práticas de remuneração.

Especialistas em direito societário foram convidados para discutir se acionistas majoritários, como a BHP, podem ser responsabilizados por desastres em empresas subsidiárias. O especialista indicado pelas vítimas defendeu que acionistas de controle podem ser responsabilizados por abusos de poder e que a responsabilidade social corporativa deve ser priorizada.

Região afetada por rompimento de barragem
Região afetada por rompimento de barragem – Antonio Cruz/Agência Brasil

Entre 13 e 21 de janeiro, especialistas em direito ambiental brasileiro serão ouvidos. De 22 a 29, será a vez de peritos em geotecnia. As alegações finais serão preparadas em fevereiro e apresentadas entre 5 e 13 de março. A decisão final sobre a responsabilidade da BHP está prevista para 2025. Caso a mineradora seja considerada culpada, um novo julgamento definirá as indenizações, estimadas pelo PG em cerca de R$ 230 bilhões.

Em nota, o escritório PG destacou que “as vítimas seguem confiantes na busca por justiça pelo maior desastre ambiental do Brasil”. Por outro lado, a BHP afirmou que a questão já foi resolvida no Brasil, citando um acordo de reparação homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2024, totalizando R$ 170 bilhões.

A mineradora também mencionou a criação da Fundação Renova em 2016, que já destinou mais de R$ 38 bilhões para indenizações, apoio financeiro e reparos ambientais, beneficiando aproximadamente 430 mil pessoas e comunidades afetadas.

O rompimento da barragem de rejeitos de mineração em Mariana, em 5 de novembro de 2015, devastou o distrito de Bento Rodrigues, deixando 19 mortos, três desaparecidos e 600 desabrigados. Aproximadamente 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos tóxicos atingiram 49 municípios em Minas Gerais e no Espírito Santo, contaminando a Bacia do Rio Doce por 663 quilômetros até o litoral capixaba.

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