As sinergias entre a dona do Burger King Brasil e os ativos da Starbucks

Presente no Brasil desde 2006, a rede de cafeterias Starbucks deve ser repassada à Zamp, operadora das lojas Burger King no país. A Zamp comunicou ao mercado que fez na última sexta-feira (19) uma oferta pelos ativos da rede e, agora, realiza diligências para a confirmação do negócio. A marca Starbucks era licenciada no Brasil desde 2018 pela SouthRock, empresa de private equity que pediu recuperação judicial recentemente – a empresa já aceitou a proposta da Zamp, mas os valores não foram divulgados.

Até meados do último ano, a rede de cafeterias detinha 190 unidades no país, com receita anual de aproximadamente R$ 500 milhões. Segundo um relatório do Morgan Stanley, a marca encerrou cerca de 50 operações desde então. Dentre as que restaram, por sua vez, as vendas caíram cerca de 30%. Mesmo assim, o banco aposta em um bom negócio para a Zamp, caso a transação se concretize.

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“A situação parece altamente favorável para a Zamp. Acreditamos que a confirmação das negociações e as perspectivas de assumir as operações das lojas existentes sugerem o potencial para uma transação acumulativa. Isso ocorre porque o contrato [da SouthRock] com a marca expira em breve (abril de 2024), o que provavelmente complicará ainda mais as coisas em meio ao pedido de proteção contra falência da SouthRock; portanto, os credores poderiam estar potencialmente dispostos a negociar um desconto considerável para transferir as lojas existentes”, diz trecho do relatório.

Starbucks

O Morgan Stanley ainda estima que “as lojas Starbucks poderiam adicionar 6% à receita da Zamp em 2024 e 14% ao Ebitda de 2024″. O relatório também aponta que a gestão anterior cometeu uma série de equívocos, como uma alavancagem agressiva e investimentos malsucedidos que foram complicados pelo período de isolamento devido à Covid-19.

Desafio à frente

Agora, o desafio da Zamp será recuperar o prestígio do ponto de venda, uma vez que a operação ficou defasada nos últimos meses devido à falta de investimento nos espaços por conta da derrocada da SouthRock.

“O Starbucks é um exemplo em que o diagnóstico do problema era muito mais ligado à gestão do que a erro estratégico. O Starbucks, em quase todos os lugares do mundo, vai muito bem, seja pela proposta de valor, produto ou modelo. Ele tinha um problema de endividamento e na gestão da operação brasileira”, analisa Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Agora, ascrecenta ele, ao trazer uma empresa como a Zamp, que tem um histórico de operar bem a alimentação foodservice, tem escala, know-how, conhece o país e o mercado de shopping centers, “ela tem todas as condições para operar bem um negócio desses”, analisa Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

Para Alberto Serrentino, fundador da consultoria Varese Retail, não haverá sobreposição de negócios na Zamp ao assumir as unidades da Starbucks no Brasil. “Trata-se de uma marca internacional, aspiracional, premium, que não canibaliza em nada os negócios existentes e ainda explora várias sinergias, como a capacidade de seguir padrões de uma operação global, a capacidade de sinergias imobiliárias nos relacionamentos com os administradores de shoppings e em retaguarda. Para uma empresa que quer ser uma operadora multibandeira, pode ser interessante”, aponta.

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