Sakamoto: Zuckerberg erra rude se aposta que ganha de Moraes na queda de braço

Mark Zuckerberg, CEO da Meta. Foto: Wikimedia Commons

Por Leonardo Sakamoto, publicado no UOL

A Meta pode ser suspensa por aqui tal como foi o X? Se a empresa se negar a cumprir ordens judiciais sob a justificativa de estar seguindo suas novas políticas mais alinhadas a Donald Trump ou mesmo à Constituição dos Estados Unidos, sim.

Alexandre de Moraes reafirmou ontem que redes só operam no Brasil se respeitarem as leis vigentes no país, independentemente de “bravatas de dirigentes irresponsáveis”. Zuckerberg, que tinha dado um recado na Suprema Corte brasileira ao falar “de cortes secretas” na América Latina onde decisões são tomadas, agora recebeu um de Moraes.

A maioria dos ministros do STF derrubaria alguma das plataformas da Meta em caso de descumprimento de ordens judiciais e, portanto, das leis brasileiras, mesmo que isso levasse muita gente a arrancar os cabelos ? Se você tem dúvidas sobre isso é porque é novato por aqui.

Por um lado, a Meta não é o X. Claro que é muito mais fácil a Justiça mandar suspender o antigo Twitter por descumprir uma ordem judicial do que aplicar um gancho no Instagram, no WhatsApp, no Facebook e no Threads. Tirar essas plataformas e serviços de mensageria do ar geraria um caos em empresas, exibicionistas profissionais e na comunicação interpessoal de uma maneira geral.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Foto: Gustavo Moreno/STF

Mas, ao mesmo tempo, o X não é a Meta. A empresa de Mark Zuckerberg ganha bilhões em publicidade e prestação de serviços no Brasil, inclusive do governo federal. Após mais de um mês de bloqueio, Elon Musk capitulou diante do Supremo Tribunal Federal também porque sua negativa em cumprir a lei brasileira estava dando prejuízos ao seu outro negócio, a Starlink. E, vamos ser bem sinceros, ele percebeu que a vida seguiu o seu curso normal sem o X, inclusive com menos toxicidade.

Uma das primeiras consequências do já antológico discurso de Mark Zuckerberg que, na primeira camada, abraça Donald Trump e, na segunda, dá uma banana aos custos da regulação de plataformas oriundos das leis da Europa, do Brasil e da Austrália, é que a vida ficou mais difícil para gays, lésbicas e a população LGBT+ em geral. As novas diretrizes divulgadas pela Meta permitem que os usuários associem esses grupos a doentes mentais, por exemplo.

Isso pode levar a uma decisão de remoção de publicações pela Justiça. Se sustentar a postagem por conta de suas novas políticas, a plataforma pode se ser suspensa. Vai ter gente chorando sangue e querendo o fígado dos ministros do STF? Vai. Mas fazer de conta que a Meta pode enquanto outros têm que seguir a lei brasileira seria o equivalente a nos afirmar como colônia dos EUA. Se leis valem para a Pernambucanas, a Vale e o Itaú também valem para a Zara, a Anglo-American e o Citibank aqui instalados..

Zuckerberg deve apostar que sua empresa, ao contrário da companhia de Elon Musk, é muito grande para cair. Para não rasgar dinheiro, conviria a ele ouvir sua equipe da filial da empresa em São Paulo a fim de entender como funciona o Brasil, a nossa Constituição, o STF e o tamanho do faturamento dele por aqui.

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