Que tipo de conservadora é Melania Trump? Por Nathalí

Donald Trump e Melania Trump lado a lado, sérios
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a primeira-dama Melania Trump durante a posse do republicano- Reprodução/Getty Images

Melania Trump, a terceira esposa de Donald Trump, tem sido utilizada, assim como Michelle Bolsonaro no Brasil (a “Melania da Shopee”), como ferramenta política.

A revista Marie Claire, após consultar especialistas de moda, afirmou que o vestido azul transpassado, com um corte que remete a uniformes militares, “solidifica a imagem de mulheres conservadoras no futuro”.

De fato, a moda pode comunicar muito, mesmo que muitos subestimem esse poder. Mais do que uma expressão estética, a moda há muito tempo também se consolidou como um meio de comunicação. Sua linguagem visual carrega um impacto simbólico profundo e, muitas vezes, subestimado.

Contudo, afirmar que uma roupa transforma uma mulher em conservadora é um passo grande demais.

O look de Melania, que definitivamente evocava elementos de um figurino digno de The Handmaid’s Tale, pode até sugerir uma estética conservadora. Porém, sozinho, não define uma ideologia.

Quando uma revista aponta a esposa de alguém como Donald Trump como exemplo de conservadorismo, na verdade, está ajudando a normalizar o absurdo.

O recado de Melania e de seu marido é claro: no governo deles, as mulheres têm um papel essencialmente utilitário.

E Trump tem um longo histórico no uso de mulheres para reforçar suas narrativas de poder:

Sua primeira esposa, Ivana Trump, relatou em depoimento ter sido vítima de agressões, embora ele nunca tenha sido condenado – algo previsível, considerando o poder que ele exerce.

A segunda, Marla Maples, foi trocada por uma mulher mais jovem, num padrão comum entre homens ricos que enxergam suas parceiras como troféus que reafirmam sua juventude.

Trump não se limita a ações controversas apenas no âmbito pessoal. Ele foi condenado por fraude relacionada a pagamentos feitos à ex-atriz pornô Stormy Daniels. No entanto, a condenação não teve efeitos práticos – o ex-presidente recebeu “dispensa incondicional”.

Diante disso, pergunto: que tipo de conservador, ideólogo da moral, defensor da família tradicional, ostenta um histórico como esse?

A resposta: qualquer tipo.

O currículo assombroso de Trump não surpreende, assim como não surpreende o fato de ele usar as mulheres ao seu redor como instrumentos de sua estratégia de poder.

Vale ressaltar que as escolhas de vestuário de Melania (e, no Brasil, de Michelle Bolsonaro) não fazem delas conservadoras. Fazem delas mulheres usadas, moldadas para cumprir um papel dentro de um sistema que privilegia o machismo e o autoritarismo.

E, apesar do discurso de sororidade, é impossível ignorar a cumplicidade de mulheres “conservadoras” que, em sua imagem e comportamento, perpetuam o fascismo. São cúmplices de cada violência sofrida por outras mulheres ao redor do mundo.

A Marie Claire cometeu um erro grosseiro ao rotular Melania como “conservadora”.

É preciso usar a palavra certa: Melania Trump não é conservadora. Assim como seu marido, ela é apenas uma fascista com um uniforme brega.

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