A vida como ela é, com ou sem CPF na nota. Por Moisés Mendes

André Conti e Vanessa Bárbara. Foto: Reprodução

Demorei para me entusiasmar e procurar saber direito sobre essa história do podcast ‘CPF na nota’. Como só lia as chamadas e algumas linhas, também demorei a entender o que aconteceu.

A escritora Vanessa Bárbara acusa o ex-marido, dono da editora Todavia, de juntar uma turma numa rede que conversava por e-mails para debochar de mulheres, entre as quais a própria escritora.

O editor é André Conti. São muitos os textos sobre a história e tem o podcast com a Vanessa, a origem do rolo na internet, que viralizou.

Tem machismo, baixaria, infantilidade e, parece, uma tentativa de ser meio personagem de Milan Kundera ou de Philip Roth, nessa linha da amoralidade sem limites, se é que isso existe.

Mesmo que esse caso seja de 2011 e já tenha resultado em livro, só agora estourou. Porque teve o podcast, e aí muda tudo.

Uma das coisas mais interessantes que li até agora é um texto da jornalista Marília Kodic, na Marie Claire.

Marília lembra que o ex-marido fofoqueiro e os amigos dele passaram pelo constrangimento de ter que distribuir notas de esclarecimento.

Fizeram como fazem os acusados de algum delito de ordem sexual e os políticos que precisam dar explicações.

Ela diz que algumas notas oficiais “parecem saídas direto do ChatGPT”. Marília é cruel com a rapaziada. Escritores consagrados tendo que produzir notinhas com textos de fato estranhos. Eu li algumas.

Quem quiser saber mais, tem que entrar com busca com esses nomes citados, para que a história seja entendida.

O resumo, se é que precisa, é esse mesmo: homens que produziam ou produzem uma boa literatura, muitos dedicados a abordagens sobre relacionamentos, participavam de um clube do bolinha para depreciar amigas, conhecidas, parceiras ou alguém que eventualmente tivessem conhecido naqueles dias.

É estranho, é bastante chocante, é quase uma daquelas histórias taxadas como inacreditáveis, até porque demasiado literárias, mas é isso mesmo.

Ficamos aqui lamentando que a extrema direita patrulhe a vida dos outros, em nome da moralidade dos fascistas, e agora tem gente de esquerda fazendo algo parecido como diversão.

É a vida como ela é. Aqui, um texto do DCM que oferece o link para o famoso podcast.

(Uma observação que considero importante. Essa não é uma história sobre traição, como muitas histórias rodrigueanas ou não, mas um caso de machos que se divertiam humilhando mulheres.)

Conheça as redes sociais do DCM:
⚪️ Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo
🟣 Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line
Adicionar aos favoritos o Link permanente.