FIDCs no agronegócio: Basf capta R$ 800 milhões para financiar insumos rurais

Agronegócio. (Foto: Tom Fisk/ Pexels)

A Basf, multinacional do setor químico, concluiu nesta semana a captação de R$ 800 milhões para sua divisão agrícola no Brasil na terceira emissão de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). O montante será usado para financiar a venda de insumos a distribuidores, cooperativas e produtores rurais. 

O fundo foi lançado em 2022 e é gerido pela Opea. A captação recente representa um aumento de 93% na comparação com o volume levantado na primeira emissão. 

Na operação, a Basf desconta os recebíveis dos insumos que vendeu a prazo safra, ou seja, com pagamento após a colheita, com o objetivo de ampliar esse tipo de crédito aos clientes. 

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“As estruturas de securitização serão cada vez mais utilizadas por essas empresas como forma de captar recursos para vender mais insumos”, diz Renato Barros, head de agronegócio da Opea, em entrevista ao InfoMoney

Patricia Honda, gerente de operações comerciais da Basf, comenta que “as operações financeiras que envolvem estruturas como FIDC e outras modalidades respondem por uma fatia importante do nosso negócio”. 

FIDCs em alta

A emissão é anunciada em um contexto de crescimento dos fundos de recebíveis. Na última quarta-feira (22), a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) mostrou que o instrumento se consolidou como o segundo maior em captação do mercado brasileiro após crescer 86% em 2024, atrás apenas das debêntures. 

Antes das três captações no FIDC Opea Agro Insumos, a Basf emitia CRAs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) com a Opea. 

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Barros explica que os fundos geralmente são mais flexíveis e a decisão por FIDCs ou CRAs “é caso a caso”. A lógica dos instrumentos é diferente: nos certificados de recebíveis, a empresa emite uma dívida, como um empréstimo. Nos fundos, a companhia contrata um adiantamento das dívidas que outras empresas têm com ela em troca de um desconto. 

Depois que o Conselho Monetário Nacional restringiu as regras de emissões e vencimentos para CRAs e outros ativos, os certificados do agronegócio tiveram queda de 4,7% na captação em 2024, com volume de R$ 41,26 bilhões. Os FIDCs, que atendem outros setores da economia, captaram R$ 81,41 bilhões. 

Os fundos de recebíveis tendem a crescer ainda mais em 2025 enquanto “tem muito investidor olhando para estruturas pulverizadas, com subordinação para dirimir riscos”, segundo o executivo da Opea. 

Caso AgroGalaxy influenciou emissão?

Outra parte importante do contexto da emissão de R$ 800 milhões para a Basf é a recente desconfiança do mercado com CRAs e Fiagros após aumento do número de pedidos de recuperação judicial, com AgroGalaxy (AGRO3) e Portal Agro entre os casos mais emblemáticos. As duas companhias são varejistas de insumos agrícolas, como parte dos clientes que recebem crédito da Basf e passam a dever para o FIDC Opea Agro Insumos. 

Mas as semelhanças param por aí. Barros argumenta que é preciso “saber analisar o risco”, já que o agronegócio brasileiro é grande e a crise no ano passado foi puxada por empresas ligadas à produção de grãos. Outra diferença importante é o perfil do investidor: os FIDCs são voltados para investidores institucionais, “que conseguem analisar melhor o histórico de performance das carteiras”. 

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