Em tom conciliador, China diz que pode rever acordos com os EUA de Trump

Mao Ning, porta-voz do Ministério do Exterior do governo chinês. Foto: reprodução

Nesta sexta-feira (24), a porta-voz do Ministério do Exterior da China, Mao Ning, comentou o desejo manifestado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de negociar um novo acordo comercial entre os dois países. Segundo ela, “apesar das diferenças, os dois países têm enormes interesses comuns e espaço para cooperação”.

A fala marca um tom conciliador, mesmo diante das pressões do governo estadunidense por um comércio mais “justo”, que pode ser interpretado como mais favorável aos EUA.

Trump, que em entrevista recente declarou ter tido uma “conversa amigável” com o presidente chinês, Xi Jinping, mencionou a intenção de usar tarifas como forma de pressionar Pequim.

“Temos um poder muito grande sobre a China, que são as tarifas, e eles não as querem, mas é um poder tremendo”, afirmou o presidente estadunidense à Fox News. Apesar disso, Trump sinalizou estar aberto a alternativas, o que gerou alívio nos mercados financeiros.

A declaração de Trump provocou uma queda do dólar em relação a várias moedas ao redor do mundo. O índice global da moeda dos EUA recuou 0,5%, e no Brasil, a cotação caiu para R$ 5,88. A possibilidade de um acordo como alternativa às tarifas comerciais foi recebida de forma positiva pelos investidores, que há meses acompanham as tensões entre as duas maiores economias do mundo.

Xi Jinping, presidente da China, e Donald Trump, dos EUA. Foto: Pool/Getty Images AsiaPac

Na contramão, o vice-primeiro-ministro chinês, Ding Xuexiang, já havia declarado no Fórum Econômico Mundial, em Davos, que a China busca promover um comércio equilibrado e aumentar suas importações, sinalizando abertura para um diálogo mais sóbrio com os EUA.

Ainda assim, especialistas chineses mantêm cautela. Jin Canrong, professor da Universidade Renmin, alertou para os riscos de subestimar as intenções de Trump.

“Ele ainda considera a China como um rival estratégico”, comentou em vídeo publicado no Weibo. A fala reflete o posicionamento de acadêmicos e políticos chineses, que recomendam prudência em futuras negociações.

No Brasil, a possível retomada de um acordo comercial entre EUA e China gera apreensão, principalmente no setor agrícola. A ex-ministra da Agricultura, Tereza Cristina, hoje senadora, já havia alertado em novembro sobre os riscos para o agronegócio brasileiro.

“Os EUA competem conosco de igual para igual na área agrícola”, disse, lembrando do histórico de Trump, que no passado pressionou a China a aumentar a compra de soja americana, reduzindo a demanda por produtos brasileiros.

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