Ozempic: o que é? Quem deve tomar? Entenda tudo sobre o medicamento

Medicamento aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Ozempic é indicado para tratar pacientes com diabetes tipo 2, ajudando no controle da glicemia em pessoas cuja doença não é suficientemente controlada por dieta e exercícios físicos. E, exatamente por conta desse auxílio no controle do peso, é que o medicamento acabou se tornando muito popular, mesmo entre pessoas que não precisam do tratamento.

Segundo a Novo Nordisk, farmacêutica dinamarquesa responsável por sua fabricação, a substância ativa, semaglutida, atua no controle da glicemia e proporciona outros benefícios relacionados à saúde metabólica.

Por conta de sua popularidade para perda de peso, o Ozempic levanta preocupações sobre o seu uso indiscriminado, especialmente por pessoas sem indicação clínica, além de outros problemas como falsificações do medicamento.

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“A medicação deve ser sempre prescrita por médico para pessoas com obesidade clínica e/ou diabetes que estão em acompanhamento”, disse Tarissa Petry, endocrinologista do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. 

O que é o Ozempic?

O Ozempic é um medicamento injetável (como se fosse uma canetinha), cujo princípio ativo é a semaglutida, pertence à classe dos agonistas do receptor GLP-1. Ou seja, ele imita a ação do hormônio, que é produzido naturalmente pelo organismo humano, que tem o papel de controlar a glicemia e o apetite. 

Ele atua no aumento da liberação de insulina pelo pâncreas, quando os níveis de açúcar no sangue estão altos, e ajuda a reduzir a velocidade com que os alimentos saem do estômago, o que também diminui a sensação de fome. 

Por conta desses efeitos, o Ozempic promove a perda de peso. Muitos pacientes consideram isso um benefício adicional. 

“A semaglutida age no cérebro diminuindo a fome, no estômago reduzindo o esvaziamento gástrico, e tem ação no pâncreas, facilitando a secreção de insulina e muitos outros efeitos em outros órgãos”, explica Tarissa.

Embora o emagrecimento possa ser visto como um efeito positivo, especialmente em pacientes com obesidade, o uso do medicamento deve ser sempre associado à supervisão médica e à indicação clínica apropriada.

Quem realmente precisa do Ozempic?

Segundo a endocrinologista, o Ozempic é recomendado para pessoas com diabetes tipo 2 que precisam de um melhor controle glicêmico e, em alguns casos, para indivíduos com obesidade associada ao diabetes. 

Tarissa ressalta que o medicamento é indicado somente para quem tem obesidade clínica e/ou diabetes, e que o uso por pessoas que buscam apenas perder peso sem diagnóstico de obesidade é desaconselhado.

A Novo Nordisk, que produz o medicamento, também possui o Rybelsus (semaglutida oral), e o Wegovy (semaglutida injetável), que é a versão da semaglutida para tratar pacientes com obesidade, disponível no Brasil desde agosto de 2024.

“Embora esses medicamentos tenham o mesmo princípio ativo (semaglutida), suas dosagens, indicações e formas de administração são diferentes e devem ser usados apenas sob supervisão médica”, destaca Priscilla Mattar, vice-presidente da área médica da Novo Nordisk no Brasil.

Foco na obesidade

Recentemente, foi publicado na revista científica The Lancet Diabetes & Endocrinology uma nova abordagem para classificar e diagnosticar a obesidade. 

A redefinição da obesidade clínica e pré-clínica pode trazer impactos nos critérios de prescrição de medicamentos como o Ozempic, embora não tenha sido criada com o objetivo de indicar tratamentos específicos. 

De acordo com Ricardo Cohen, head do Centro de Obesidades e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, “essa nova abordagem pode ampliar as opções terapêuticas disponíveis, fornecendo diagnósticos mais precisos e permitindo tratamentos mais personalizados”.

Sobre o papel preventivo do Ozempic, Cohen ressalta que o medicamento pode ser útil em casos de obesidade pré-clínica, desde que haja indicação médica. 

“Qualquer opção terapêutica, incluindo o medicamento, pode ser valiosa para prevenir a progressão da obesidade, mas seu uso deve sempre ser guiado por uma avaliação profissional, considerando riscos e benefícios individuais”

Porém, ele alerta que o uso de medicamentos como o Ozempic deve ser restrito ao contexto clínico. “A utilização irrestrita ou recreativa é inadequada e pode trazer riscos à saúde”, reforçou.

Benefícios e efeitos colaterais

O Ozempic traz uma série de benefícios para pacientes com diabetes tipo 2, incluindo:

  • Controle aprimorado da glicemia;
  • Redução do risco de complicações cardiovasculares;
  • Perda de peso como benefício adicional, especialmente em pacientes com obesidade.

Mas como todo medicamento, o Ozempic também pode apresentar efeitos colaterais. A endocrinologista destaca que os principais efeitos colaterais são gastrointestinais, principalmente náusea e obstipação ou diarreia, mas que também pode causar dor de cabeça. 

“É contraindicado para pessoas com história pessoal ou familiar de câncer medular de tireoide (um tipo muito raro) e deve ser usado com cuidado e acompanhamento para pessoas com cálculo na vesícula biliar. Por isso, o uso da medicação deve ser sempre prescrito e acompanhado por um médico”

Acessibilidade ao medicamento

No Brasil, o preço do Ozempic é regulado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), mas pode variar dependendo do ponto de venda. Atualmente, a média de preço está entre R$ 994,03 e R$ 1.308,32, dependendo da alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cada estado.

O custo elevado e a crescente procura pelo medicamento podem dificultar o acesso para aqueles que realmente necessitam. Porém, ele pode ser custeado pelos planos de saúde desde que seja prescrito por um médico para o tratamento de diabetes tipo 2 e obesidade

Especialistas afirmam que o Ozempic, assim como outros medicamentos considerados de alto custo também devem ser cobertos, caso seja recomendado formalmente

Por outro lado, a ANS esclarece que “não há cobertura obrigatória” para uso domiciliar ou ambulatorial, conforme a Lei 9.656/1998, que exclui medicamentos para tratamento domiciliar, exceto os antineoplásicos orais e relacionados a efeitos colaterais de tratamentos de câncer. 

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