O impulso da contrarrevolução fascista com Trump. Por Jeferson Miola

Charge de Donald Trump. Foto: Reprodução

Os piores presságios com a vitória de Donald Trump agora se confirmam como tormentas reais com ele na presidência dos Estados Unidos. Zero surpresa, portanto.

Trump otimizou ao máximo a cerimônia de posse e as primeiras 24 horas na presidência para sinalizar ao mundo o programa da contrarrevolução fascista, reacionária, ultraliberal e libertarianista.

Ele não desperdiçou um único segundo do relógio que marca seus quatro anos à frente da Casa Branca e deu uma arrancada vertiginosa rumo ao caos.

Como prometera, anistiou os criminosos que atacaram o Capitólio em 6 de janeiro de 2021 para impedir a posse de Joe Biden e revogou normas sobre diversidade, justiça climática, direitos de gênero e imigração.

Assinou dezenas de decretos com mudanças graves e impactantes, que afetarão de modo dramático e cruel a vida de estadunidenses, mas, sobretudo, de imigrantes e da comunidade LGBTQIA+.

Ele também adotou medidas administrativas macarthistas e de punição a servidores públicos. Assim, limpa o terreno para exercer o poder de modo despótico. E liberalizou totalmente a circulação de conteúdos criminosos nas plataformas digitais.

De impacto internacional, Trump decretou a saída dos EUA da OMS e do Acordo Climático, a renomeação do Golfo do México como “Golfo da América”, e retomou a classificação de Cuba como país patrocinador de terrorismo.

Muitas das medidas anunciadas são inexequíveis, assim como outras promessas, que incluem a anexação do México, do Canadá e da Groenlândia, e a retomada do controle do Canal do Panamá.

Trump sabe da inexequibilidade dessas propostas, mas assim mesmo a todo tempo ele anuncia barbaridades surpreendentes com o propósito de instilar o caos, a confusão e um estado permanente de conflito político.

Ele se beneficia muito com essa estratégia. Em meio ao caos, à desordem e à exaustão da sociedade, Trump acaba ungido como líder apaziguador e redentor, e então ganha salvo-condutos para avançar nos propósitos extremistas.

Com a maioria no Congresso e na Suprema Corte, Trump poderá exercer praticamente um poder total, sem barreiras de contenção. E, além disso, ele alinhou totalmente as big techs com seu governo e com o projeto da extrema-direita estadunidense e mundial.

A presença dos bilionários donos das plataformas digitais na primeira fila da cerimônia de posse, assim como as saudações nazistas feitas por Elon Musk e Steve Bannon mostram a índole dessa força política de caráter revolucionário –no sentido contrarrevolucionário do termo–, e que ocupa o coração do poder da potência imperial do mundo.

Trump representa uma ameaça para a democracia, para a civilização humana e para todas as formas de vida no planeta.

Isso, no entanto, não preocupa o establishment, que enxerga em Donald Trump a resposta necessária –senão a resposta possível– para interromper o declínio da hegemonia mundial dos EUA.

Trump é produto da crise da democracia, não a sua causa. Fenômenos como Trumps, Mileis, Bolsonaros, Netanyahus, Hitlers e Mussolinis da vida só vicejam em conjunturas como a contemporânea, de brutal crise do capitalismo na sua etapa de ultrafinanceirização e de ultraprodução de capital fictício.

É no marco do debilitamento democrático causado pelo neoliberalismo que o “sistema” busca nesse chorume fascista as saídas à crise capitalista aberta em 2008.

Nesta sua profunda crise, o capitalismo requer governos que exerçam a administração violenta, regressiva e autoritária da barbárie neoliberal.

Trump não é anti-sistema, ele é uma solução produzida pelo próprio establishment imperial. Não fosse assim, este criminoso condenado pela justiça não poderia sentar na cadeira de presidente dos EUA, pois estaria preso por crime de traição e tentativa de golpe.

Trump tem carta branca e um poder total. Ele é um fator poderoso e potente para o avanço da contrarrevolução fascista, reacionária, ultraliberal e libertarianista no mundo.

Originalmente publicado pelo blog de Jeferson Miola

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