Celac convoca reunião emergencial para debater crise de extraditados pelos EUA

Cúpula da Celac. Foto: Divulgação

A presidente de Honduras, Xiomara Castro, atual líder da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), anunciou neste domingo (26) a convocação de uma reunião extraordinária do bloco para o próximo dia 30 de janeiro.

O encontro, que será realizado em Tegucigalpa, capital hondurenha, terá como foco central as questões relacionadas à migração, em um momento marcado por tensões envolvendo deportações realizadas pelos Estados Unidos. O Brasil, membro da Celac, já foi notificado sobre a reunião.

A convocação ocorre em meio a uma série de polêmicas diplomáticas envolvendo o tratamento dado aos migrantes da América Latina pelos Estados Unidos. No caso brasileiro, o Ministério das Relações Exteriores informou que cobrará explicações do governo norte-americano após 88 brasileiros terem sido deportados de forma considerada “degradante”, com relatos de uso de algemas durante o retorno ao país.

Segundo o Itamaraty, a prática viola acordos bilaterais firmados em 2018, que preveem o tratamento digno dos repatriados. Na Colômbia, a situação também gerou um impasse. O governo colombiano recusou voos fretados com deportados enviados pelos Estados Unidos, o que levou o ex-presidente Donald Trump a anunciar tarifas de 25% sobre produtos colombianos exportados para o mercado norte-americano.

Em resposta, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, declarou que também aplicará tarifas de 25% sobre produtos importados dos EUA. Trump, por sua vez, classificou a atitude de Petro como uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

Em postagem na Truth Social, o ex-presidente afirmou: “Essas medidas são apenas o começo. Não permitiremos que o governo colombiano viole suas obrigações legais em relação à aceitação e retorno dos criminosos que eles forçaram a entrar nos Estados Unidos.”

Donald Trump. Foto: Divulgação

Além das tarifas comerciais, Trump também declarou que aplicará sanções à emissão de vistos para autoridades colombianas, seus aliados políticos e familiares. Ele destacou ainda que todos os colombianos que ingressarem nos Estados Unidos passarão por inspeções mais rigorosas.

De acordo com informações da TV Globo, a reunião convocada por Xiomara Castro atende a um pedido direto do presidente colombiano Gustavo Petro, que confirmou sua presença no evento. Ele usou suas redes sociais para criticar a postura norte-americana e destacou que há mais de 15 mil cidadãos dos Estados Unidos vivendo de forma irregular na Colômbia: “Os Estados Unidos não podem tratar os migrantes colombianos como criminosos.”

O Brasil, por sua vez, ainda avalia o nível de participação na reunião. Fontes do Palácio do Planalto informaram que o presidente Lula e o chanceler Mauro Vieira devem decidir entre esta segunda-feira (27) e terça-feira (28) se ele participará do encontro presencialmente ou de forma virtual. Uma reunião sobre o tema está agendada para as 10h30 desta segunda.

A Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) é composta por 33 países da América Latina e do Caribe. Fundada em 2010 e oficializada em 2011, a aliança busca promover a integração regional em diferentes esferas, como política, economia e questões sociais.

Seus principais objetivos incluem reduzir a dependência das potências globais, como os Estados Unidos, e fortalecer a autonomia política e econômica da região. Os temas mais recorrentes nas discussões do bloco abrangem migração, desarmamento nuclear, agricultura familiar, cultura, energia e questões ambientais.

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