Nas mãos do povo? PM que matou rapaz em loja de conveniência pode ir a júri popular

O destino do policial militar Vinicius de Lima Britto pode ser decidido pela sociedade, em júri popular. A decisão da Justiça sai nesta quarta-feira (29). Britto executou Gabriel Renan da Silva Soares, um jovem negro, em frente a uma loja de conveniência Oxxo, na Zona Sul de São Paulo. O caso ocorreu em 3 de novembro do ano passado. Brito atirou pelas costas.

O agente vai passar pela primeira audiência de instrução no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital. Desde 5 de dezembro, Vinicius de Lima Britto está preso preventivamente no Presídio Romão Gomes, em São Paulo.

A expectativa é de que sejam ouvidas seis testemunhas de acusação e duas de defesa, incluindo o atendente do mercado que presenciou o crime. Ele é considerado peça fundamental da defesa.

Na noite de 3 de novembro de 2024, Gabriel Renan entrou no mercado da rede Oxxo, na Avenida Cupecê, vestindo um moletom vermelho com capuz. Ele andou até a seção de limpeza, onde pegou quatro pacotes de sabão e tentou fugir, mas escorregou num pedaço de papelão na porta do estabelecimento e caiu no chão do estacionamento.

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O policial estava no caixa pagando pelas compras, quando percebeu a ação. Britto sacou a arma e atirou várias vezes nas costas de Gabriel, que tentava fugir. O jovem morreu no chão do estacionamento. Foram encontradas 11 perfurações pelo corpo dele.

No depoimento na delegacia, o PM disse que Gabriel estava armado e com a mão no bolso do moletom, razão pela qual ele atirou. Britto alegou que agiu em legítima defesa. Porém, não é o que as imagens mostram, alega a promotoria.

No pedido de prisão feito à justiça, a promotoria argumentou que o PM “praticou homicídio qualificado” e “efetuou diversos disparos contra a vítima pelas costas, que estava completamente desarmada e indefesa. Indicando, portanto, dolo exacerbado e brutalidade na prática do delito por ele intentado”.

A promotoria considerou o motivo do crime fútil por ter reagido de forma desproporcional ao furto de produtos de limpeza, além de o PM ter usado um meio que impossibilitou a defesa da vítima e ter colocado outras pessoas em risco, uma vez que fez os disparos na rua.

O policial foi reprovado no exame psicológico do concurso da Polícia Militar em 2021, quando tentou ingressar na corporação pela primeira vez. Segundo o resultado da avaliação, Britto apresentou “inadequação” aos critérios exigidos no perfil psicológico para o cargo de soldado nos seguintes requisitos: relacionamento interpessoal adequado, capacidade de liderança e controle emocional.

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