Empresas de ônibus investigadas por elo com o PCC são proibidas de operar pela prefeitura de SP

A prefeitura de São Paulo proibiu a UPBus e a Transwolff de operarem linhas de ônibus na capital. As empresas são investigadas por ligação com o PCC. A decisão foi tomada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) na tarde desta quarta-feira (29), e não cabem mais recursos na esfera administrativa.

Nesta quinta (30) será publicada pela prefeitura uma portaria para saber quais empresas que já prestam o serviço têm interesse em assumir esses contratos. O prazo de resposta é de 30 dias. Se não houver interessados ou se nenhuma atender os critérios estabelecidos pela SPtrans, o contrato atual será cancelado e abre-se uma nova licitação.

Em dezembro do ano passado, o município iniciou o processo e deu prazo para as empresas apresentarem defesa. Ambas responderam no prazo estipulado. No entanto, a prefeitura não aceitou os argumentos apresentados pelas concessionárias e informou que as defesas não foram acolhidas, “o que ensejará na substituição dessas empresas no sistema de transporte público da cidade de São Paulo”.

“A prefeitura esclarece ainda que permanecerão as intervenções já em curso nas concessionárias. Dessa forma, estão garantidos os serviços prestados à população, bem como os pagamentos dos funcionários e fornecedores. A equipe técnica e jurídica dará prosseguimento à substituição da Transwolff e da UPBus, apresentando providências necessárias à manutenção do atendimento integral da população”, apontou em nota a administração municipal.

Ligação com o PCC

Durante quase cinco anos de investigação, os promotores do grupo de combate ao crime organizado (Gaeco) reuniram indícios de que as empresas eram usadas pela facção criminosa para lavar dinheiro do tráfico de drogas e de outros crimes.

A suspeitas de que o crime organizado estava infiltrado no transporte público de São Paulo vêm desde os anos 1990, quando parte do sistema era operado por perueiros clandestinos, que faziam o trajeto entre os bairros mais afastados e os terminais de ônibus.

Em 2003, a prefeitura da capital transferiu a operação das linhas para a iniciativa privada. Parte do sistema ficou com as grandes empresas de ônibus, e os itinerários mais curtos passaram a ser feitos por cooperativas. A maior delas era a Cooperpam, com sede na Zona Sul.

Ao longo dos anos, segundo o MP, os dirigentes desta cooperativa montaram uma empresa e passaram a pressionar e até ameaçar os cooperados para que transferissem o controle da cooperativa para essa outra companhia, chamada de TW ou Transwolff.

Além disso, segundo os promotores, os diretores se apropriavam de parte da remuneração dos cooperados.

Dez anos depois, em 2013, quando o primeiro contrato de permissão da prefeitura chegou ao fim para todas as empresas, a Transwolff conseguiu assinar um contrato emergencial, que foi prorrogado durante anos, devido a um impasse no processo de concessão.

Só em 2019, depois que o TCM liberou a licitação, a prefeitura da capital assinou 32 contratos para a concessão das linhas de ônibus da cidade, por um prazo de 15 anos.

No caso da UPBus, o Ministério Público afirmou que os diretores integravam a cúpula da facção criminosa. Um dos donos da empresa era Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como “Cara Preta”. Ele foi assassinado e degolado em dezembro de 2021. A cabeça dele foi deixada em uma praça do Tatuapé, também na Zona Leste.

Os promotores descobriram que outros chefes da facção criminosa fazem parte da direção da UPBus. Dois deles aparecem entre os sócios: Alexandre Salles Brito, chamado de Buiú, e Claudio Marcos de Almeida, o Jango. Eles já foram alvos de investigação por crimes graves como homicídios, tráfico de drogas, sequestros e roubo a bancos.

Parentes dos investigados também entraram para a sociedade. Segundo a investigação, eles têm profissões ou exercem atividades econômicas incompatíveis com o capital investido na UPBus.

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