Trump anuncia taxa de 25% sobre aço e alumínio e deve afetar Brasil

Donald Trump. Foto: Divulgação

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que vai impor tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio importados pelo país. A decisão, que será oficializada nesta segunda-feira (10), afeta diretamente o Brasil, um dos principais fornecedores de aço para os EUA. O Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) foi procurado, mas informou que não irá se manifestar sobre o caso.

Os Estados Unidos são um dos principais destinos do aço brasileiro. De acordo com o American Iron and Steel Institute, o Brasil foi o segundo maior exportador de aço para os EUA em 2024, ficando atrás apenas do Canadá. Segundo dados do Instituto Aço Brasil, as exportações de aço para os EUA representaram 60% do total das exportações siderúrgicas brasileiras, totalizando 5,8 milhões de toneladas e gerando uma receita de US$ 4,7 bilhões.

Falando a bordo do Air Force One, a caminho do Super Bowl, Trump reforçou que as tarifas serão aplicadas a todos os países, incluindo Canadá e México, que são aliados estratégicos e os maiores parceiros comerciais dos EUA. “Qualquer aço que entrar nos Estados Unidos terá uma tarifa de 25%”, declarou o presidente. “Alumínio, também.”

O presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, criticou a decisão, destacando que não há justificativa técnica para a medida. “Base técnica não tem, mas muitas das decisões de Trump não têm base técnica.

Essa é mais uma”, afirmou Castro. Ele também alertou para o efeito colateral dentro dos próprios EUA: “Aço é matéria-prima para a indústria americana. Ao tributar o aço, ele aumenta o custo de produção, o que impacta diretamente a inflação.”

Se a tarifa for mantida, o Brasil pode enfrentar grandes dificuldades para manter suas exportações. Castro estima que o país pode perder metade do volume exportado para os EUA caso as tarifas sejam aplicadas integralmente. “Sem dúvidas, as tarifas vão atingir o Brasil”, disse. No entanto, ele ponderou que ainda é necessário aguardar detalhes da medida para avaliar seu impacto real.

Essa não é a primeira vez que Trump impõe restrições ao aço e alumínio importados. Durante seu primeiro mandato, em 2018, ele estabeleceu tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas posteriormente concedeu isenções e cotas a alguns parceiros comerciais, incluindo Canadá, México, União Europeia e Brasil.

Donald Trump. Foto: Divulgação

O ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, destacou que as medidas anteriores já haviam prejudicado a exportação brasileira. “O Brasil teve sobretaxa no alumínio e cota no aço, o que afetou muito nossas exportações para os EUA. Com essa nova tarifa de 25%, exportar para o mercado americano ficará ainda mais complicado”, afirmou Barral.

Ele também levantou uma dúvida sobre o alcance das novas tarifas: “Precisamos ver se Trump vai incluir o ferro, porque o Brasil exporta grandes quantidades de minério de ferro. Se essa matéria-prima não for afetada, o impacto pode ser menor. Teremos de avaliar os detalhes da decisão.”

Além das novas tarifas sobre aço e alumínio, Trump afirmou que planeja anunciar, nos próximos dias, tarifas recíprocas contra países que, segundo ele, ‘tiram vantagem’ dos EUA. O presidente declarou que nem todos os países serão afetados, mas que aqueles que impõem tarifas mais altas sobre produtos americanos enfrentarão medidas equivalentes.

A decisão faz parte de uma escalada de medidas protecionistas já adotadas pelo governo Trump. No início do mês, o presidente ameaçou Canadá e México com tarifas de 25%, mas concedeu um adiamento de 30 dias para negociações. Além disso, recentemente, os EUA impuseram uma taxa de 10% sobre produtos chineses, levando a China a adotar tarifas retaliatórias contra produtos americanos, que entraram em vigor neste domingo (9).

A decisão de Trump de elevar tarifas e retaliar parceiros comerciais pode desencadear uma nova onda de tensões comerciais, afetando cadeias produtivas globais e elevando o custo de matérias-primas. Com o Brasil sendo um dos principais exportadores de aço e ferro para os EUA, a imposição dessas tarifas pode representar bilhões de dólares em perdas para a indústria brasileira.

O setor siderúrgico agora aguarda detalhes da nova política tarifária e possíveis ações diplomáticas do governo brasileiro para minimizar os impactos da decisão. A expectativa é que o Brasil busque novas negociações para evitar prejuízos ainda maiores no comércio bilateral.

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