A esquerda se infantiliza e manda cartinha para Lula. Por Moisés Mendes

Lula falando e gesticulando sem olhar para a câmera, sério
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Divulgação

A carta aberta a uma figura pública, quando alguém, por egocentrismo exacerbado, se acha no direito de simular um recado com uma lição a um interlocutor conhecido por todos, é um dos truques mais rasos de usuários de uma certa literatice colegial.

Elio Gaspari é o professor dessa gente no Brasil, com o recurso das cartas em que a alma de alguém que já foi importante psicografa uma aula para uma figura de hoje, com referências a eventos dos séculos 18 e 19.

Geralmente é subliteratura moralista da pior qualidade. Cartas públicas são coisas antigas, são galochas parnasianas. E são na essência uma manifestação de arrogância misturada a ressentimentos e outros impulsos.

O autor de cartas públicas acha que pode sugerir uma certa intimidade com o destinatário e dizer: olha só como sou capaz de expor meus sábios conselhos a esse cara.

E esse cara às vezes pode ser Lula, como o escolhido pelo advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o famoso Kakay, a quem ele enviou uma carta que na verdade dirigiu aos amigos, para dizer que o presidente teria se isolado e virado outra pessoa.

E a carta pública para os amigos vazou para todo mundo. Entenderam? Uma carta pública, escrita para ser um recado público, mas que seria também privada e que vaza. Para ficar como recibo daquela conversa do eu avisei.

Que cada um decida se é isso mesmo ou se não é. Mas a forma escolhida já é uma coisa simplória, nesse mundo em que a marca da direita, e não da esquerda, é essa simploriedade que reduz tudo a bobagens e sínteses às vezes infantis.

Uma cartinha para Lula, de um jurista da esquerda e numa hora dessas, para se queixar porque não vem sendo recebido ou ouvido?

Não dá. É coisa de programa de auditório que envia cartas ao Papai Noel. Até o fogo amigo das esquerdas teve queda de qualidade.

Publicado originalmente no Blog do Moisés Mendes

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