Mauro Cid: Bolsonaro recebeu US$86 mil em dinheiro vivo por venda de joias

Mauro Cid. Foto: Divulgação

O ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu US$ 86 mil em espécie pela venda irregular de dois relógios e joias que havia recebido como presente durante seu mandato. A informação foi revelada na delação premiada do ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, cujo sigilo foi retirado nesta quarta-feira (19) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Segundo Cid, Bolsonaro solicitou diretamente que ele buscasse formas de vender os objetos. O dinheiro arrecadado com a venda de dois relógios de luxo totalizou US$ 68 mil. O valor foi depositado na conta de Mauro Lorena Cid, pai do militar, nos Estados Unidos e, posteriormente, entregue em parcelas ao ex-presidente, sempre em espécie, para evitar movimentação no sistema bancário.

Ainda de acordo com a delação, outros US$ 18 mil vieram da venda de joias em Miami. O próprio Cid teria entregue esse valor pessoalmente a Bolsonaro. A ideia de comercializar os objetos surgiu em 2021, quando Bolsonaro entregou um relógio da marca Patek Philippe ao ajudante de ordens para avaliar seu valor.

No início de 2022, o ex-presidente teria solicitado um levantamento de todos os presentes de alto valor que havia recebido. Conforme o depoimento, Bolsonaro reclamava de despesas extras, incluindo multas por não usar capacete em motociatas, um processo que perdeu para a deputada Maria do Rosário e os custos de transporte de acervos presidenciais.

Jair Bolsonaro durante motociatas. Foto: Divulgação

Cid identificou os relógios e joias como bens de valor significativo e efetuou a venda: o Patek Philippe e um Rolex de ouro branco foram comercializados em Nova York por US$ 68 mil, enquanto as joias foram vendidas em Miami por US$ 18 mil.

A delação também revela que Bolsonaro solicitou pessoalmente a falsificação de um certificado de vacina contra a Covid-19 para ele e sua filha mais nova, Laura. Segundo Cid, ao saber que sua esposa e filha mais velha haviam obtido um certificado falso por meio da inserção de dados no sistema do Ministério da Saúde, o ex-presidente pediu que o mesmo fosse feito para ele e sua filha caçula.

“O colaborador confirma que pediu os cartões do ex-presidente e sua filha Laura Bolsonaro sob determinação do ex-presidente Jair Bolsonaro e que imprimiu os certificados”, diz o documento. “O objetivo era obter os cartões de vacina para qualquer necessidade.”

O inquérito sobre a venda irregular de joias recebidas por Bolsonaro segue na Procuradoria-Geral da República (PGR). Essa investigação se soma ao inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado, pelo qual o ex-presidente foi denunciado na última terça-feira (18).

Adicionar aos favoritos o Link permanente.