Salve, Simpatia: conheça mais o ‘rei’ Rafael Eduardo

Ele responde pelo posto de Rei Momo com mais títulos da história do Carnaval belo-horizontino. Com apenas 35 anos, o dançarino, coreógrafo, ator e professor de educação física Rafael Eduardo foi mais uma vez eleito para compor a corte momesca da capital mineira, em concurso promovido pela Belotur. Já Mari Lopes foi eleita (pela terceira vez) a rainha, enquanto Nzambi Niara, a princesa – registre-se que ela é a primeira mulher trans a compor o icônico trio.

Mais que um motivo de orgulho para si próprio, o fato de ter sido eleito pela quinta vez para ostentar a coroa reforça uma série de responsabilidades as quais Rafael Eduardo encara com o devido respeito. “Me sinto obrigado – de forma positiva, diga-se – a defender este legado, reverenciando os que vieram antes e, do mesmo modo, sendo exemplo para os que vão vir”, pontua Rafael, lembrando o quanto se empenha para atender aos quesitos pedidos no certame.

Entre esses, Rafael Eduardo cita simpatia, espírito carnavalesco, desembaraço, sociabilidade, graciosidade, elegância e, claro, samba no pé! É preciso situar, ainda, que a responsabilidade do título não se limita ao período do Carnaval, mas, sim, se estende por todo o ano.

Passos iniciais

Perguntado sobre como se iniciou sua relação com a dança, Rafael conta que, ainda pequeno, a mãe costumava levá-lo às rodas de sambas em que ia. “Mas entrei de fato para esse universo quando tinha 12 anos. À época, eu fui para o Grupo Mineiro de Cultura Feijão Queimado, onde fiquei encantado com o trabalho do professor, mestre de dança popular, Carlos Henrique Moreira, que estava, ali, desenvolvendo uma coreografia. Ocorre que ele também tinha uma iniciativa, o Grupo de Pesquisa e Projeções Folclóricas Guararas, e me convidou para conhecê-lo. Desde então estou lá”, brinda.

Foi uma virada de chave, resume Rafael. “Pude ter a oportunidade de conhecer outras vivências na dança. Veja, eu venho de uma família muito simples, que não tinha essa cultura. Porque acaba que são esportes ou práticas culturais que, mesmo hoje, ainda têm um acesso mais restrito. Então, ali, eu tive a oportunidade de vivenciar, de viajar, de conhecer, experimentar”.

Aperfeiçoamento

Não só. A partir dali, Rafael Eduardo passou a ter aulas de jazz, de ballet clássico, fez várias vivências em oficinas pelo Brasil inteiro e conheceu vários estados através da dança. Mais: se formou. “Tirei o meu DRT em dança popular e, logo depois, como coreógrafo. Assim, me tornei diretor artístico do Feijão Queimado, onde hoje eu sou coreógrafo e, atualmente, o ‘noivo’ (na quadrilha)”.

Portas abertas

Ou seja, a dança abriu, para Rafael, um mundo de novas possibilidades. “Falo que eu não fiz a dança, mas a dança me fez”. Atualmente, Rafael está no curso de sua quinta graduação. “Faço psicologia e estou terminando pedagogia também. Sou professor de educação física, tenho curso de teatro pela PUC Minas…” Ser o Rei Momo de BH, lembra, foi uma renda durante muito tempo e abriu muitas portas. “Porque a arte salva, resgata, educa. E com o samba não é diferente. O samba, ele tem esse papel”.

Carinho da população

A figura do Rei Momo, explica Rafael, suscita, por parte da população em geral, um olhar de muito apreço. “Sorrisos, algo alegre… E muitas expectativas. Aquilo tudo ali já te transporta para um outro lugar. E eu me sinto muito lisonjeado por fazer parte de tudo isso. Fazer parte na mudança de várias vidas, seja com o sorriso, seja com um simples trocar de passos, um do lado do outro. E é isso, o samba, ele consegue te renovar, mudar”.

Não fosse suficiente, Rafael acrescenta que a arte torna o ser humano questionador. “Permite ter um olhar diferenciado sobre o mundo. A arte te coloca num lugar de posicionamento no qual você consegue ter uma melhor visão da vida”. Principalmente, emenda, no caso das chamadas artes periféricas. “A gente tem que ser muito bom e se posicionar a todo momento, porque já chega perdendo muitas vezes e aí a melhor forma da gente conquistar as pessoas é através de um sorriso, é através de um samba no pé, através da nossa arte. É através do nosso trabalho. Assim, é possível desmistificar uma cultura que já foi estigmatizada por uma sociedade antiga”, pondera.

E mais

Rafael Eduardo é professor de Educação Física, pós-graduado em Educação Física Escolar e em Treinamento Desportivo.

  • É ator formado pela PUC Minas, dançarino, coreógrafo.
  • Estudante no 7º período de Psicologia e 7º período de pedagogia.
  • É direto artístico, noivo e coreógrafo da quadrilha Feijão Queimado.
  • Atua como dançarino e ator no grupo de Pesquisa e Projeções Folclóricas Guararás.
  • Passista de várias baterias shows de Belo Horizonte.
  • Muso da Escola de Samba Canto da Alvorada e faz parte da agremiação desde 2013.
  • Rei de Bateria do Bloco Caricato Bacharéis do Samba.
  • Padrinho do primeiro bloco de Belo Horizonte, Leão da Lagoinha.
  • Destaque da Nenê de Vila Matilde (São Paulo).
  • Passista da Jucutuquara (Vitória, Espírito Santo).
  • Eleito por 5 vezes como Rei Momo do Carnaval. 2012 – 2017 – 2019 – 2023 – 2025
  • Apresentador oficial do Festival de Samba Raiz, do Festival de Gastronomia e Cultura de Belo Horizonte e do Prêmio Melhores do Carnaval de Belo Horizonte.

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