Um dia, um livro: confira lançamentos do mercado editorial

Organização: Patrícia Cassese | Editora Assistente

São tantos lançamentos semanalmente, que fica impossível listar todos. Mas a equipe do Culturadoria se empenhou em apresentar pelo menos alguns dos títulos que chegaram às prateleiras das livrarias recentemente. Tem muita, muita coisa boa. De um documento importante, como o livro “Catálogo de Cantoras Negras Brasileiras”, de Luciana Oliveira, a um coletânea que se propõe a fazer o leitor conhecer um pouco mais da trajetória de Márcio Thomaz Barros (1935 – 2014). Temos, aqui, a publicação de uma dramaturgia de Antonio Fagundes e, ainda, um box com obras fundamentais de Graciliano Ramos.

Mas a esfera da ficção também se faz presente, por meio de duas escritoras, a brasileira Ingrid Fagundez e da cubana Elaine Vilar Madruga. Saiba mais.

“Sete Minutos” – Antonio Fagundes

“Sete minutos”, dramaturgia de Antonio Fagundes, chega ao formato livro pela editora Cobogó (128 páginas, R$ 56). Na peça, um ator veterano abandona o palco no meio de uma apresentação de Macbeth, de Shakespeare. No caso, ele está irado com as interferências da plateia – barulhos de celulares, embalagens de comida. Do mesmo modo, inconformado com a falta de consideração por regras que acredita serem essenciais, como começar a peça no horário combinado. A partir dessa crise, personagens dos bastidores discutem o fazer teatral e a relação do público com o teatro. Enquanto isso, uma multidão indignada com a interrupção da peça se reúne do lado de fora.

Capa do livro “Sete Minutos”, de Antonio Fagundes (Cobogó/Divulgação)

Escrita em 2002, a peça ficou em cartaz dali até 2004. Ao todo, foram mais de 200 mil espectadores. A dramaturgia antecipa a crise de concentração causada pela tecnologia.

 “Diário do fim do amor” – Ingrid Fagundez

Qual o papel dos diários na história da literatura? Por que esse gênero é tão associado ao universo feminino? O que os escritos íntimos de grandes escritoras contam sobre a obra delas? Que função ocupa o amor (ou o fim dele) nos diários? Em seu livro de estreia, a jornalista, pesquisadora e professora gaúcha Ingrid Fagundez se debruça sobre essas e outras questões. Para tal, mescla uma pesquisa sobre a história e as transformações da escrita diarística com entradas do próprio diário, bem como passagens dos escritos de Sylvia Plath, Susan Sontag, Katherine Mansfield, Virginia Woolf e Marie Bashkirtseff.

Capa do livro, que traz o relato do fim de um relacionamento e a busca da cura pela escrita (Fósforo Editora/Divulgação)

Nas palavras de Tatiana Salem Levy, “um belíssimo livro sobre uma escritora que, na companhia de tantas outras, se revela enquanto se cria”. “O que Ingrid Fagundez nos mostra […] é o quanto as pequenas experiências interiores guardam da imensidão do mundo”. Ingrid Fagundez vive em São Paulo. Formou-se em jornalismo, é mestre em escrita criativa pela Universidade de East Anglia (Inglaterra) e doutoranda em teoria e crítica literária na Unicamp. Lançamento: Editora Fósforo (216 páginas, R$ 79,90 ou e-book, por R$ 55,90).

“O Céu da Selva” – Elaine Vilar Madruga

Elaine Vilar Madruga traz temas como a condição feminina, a maternidade, a violência e a degradação humana que assolam a América Latina. A trama é ambientada num cenário caribenho não especificado. Ali, uma velha, suas duas filhas adultas, um homem e dezenas de “crias” humanas predestinadas a uma finalidade cruel vivem em uma fazenda inóspita. No entanto, algo está prestes a desequilibrar a engrenagem que rege o funcionamento da família.

Capa do livro “O Céu da Selva”, da cubana Elaine Vilar Madruga, graduada em Artes Cênicas, com especialização em Dramaturgia, pelo Instituto Superior de Arte de Cuba (Instante/Divulgação)

Assim, Madruga evoca Medeia para construir um universo implacável, no qual nenhuma mulher pode decidir não ser mãe. Tal qual, nenhuma mãe pode colocar o amor acima de suas obrigações com a selva. Editora Instante. 240 páginas, R$ 74,90. Tradução: Marina Waquil.

“Box Graciliano Ramos” 

O selo Via Leitura, do Grupo Editorial Edipro, reuniu, em um box, obras marcantes de Graciliano Ramos. A coleção, claro, traz o icônico “Vidas Secas”, narrativa poderosa sobre a luta pela sobrevivência no sertão. Tal qual, “Angústia”, um mergulho na mente atormentada de um homem. Já o livro “São Bernardo” é um retrato da ambição e solidão de um homem em busca de poder. Por fim, “Insônia”, uma coletânea de contos que expõe os recantos mais sombrios da alma humana. As edições especiais incluem artes de Andrés Sandoval e prefácios Micheliny Verunschk. Páginas: 656. Preço: R$ 119.

O Box Graciliano Ramos traz obras icônicas, como “Vidas Secas” (Grupo Editorial Edipro/Divulgação)

“O Ministro Que Mudou a Justiça: Marcio Thomaz Bastos” – Vários

?O livro convida o leitor a conhecer a história de Márcio Thomaz Bastos nas palavras do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de profissionais e amigos que dividiram com ele seus momentos mais decisivos. Caso da grande reforma da história do Judiciário brasileiro. Márcio Thomaz Bastos foi um dos advogados mais destacados de que o mundo jurídico brasileiro já teve notícia. Sua trajetória de vida se confunde com os momentos capitais da história recente. Nos anos 1970, começou a atuar na Ordem dos Advogados do Brasil. Nesse período de forte repressão política, aproximou-se dos movimentos sociais.

Nas décadas seguintes, atuou na acusação dos assassinos de Chico Mendes, teve papel de destaque na Constituinte de 1987-1988 e participou da elaboração do pedido de impeachment do presidente Fernando Collor de Mello. Com a vitória de Lula nas eleições presidenciais de 2002, Thomaz Bastos assumiu o Ministério da Justiça. O livro reúne relatos de profissionais que participaram das mudanças que ele imprimiu no Ministério da Justiça. Thomaz Bastos guiou-se no governo pelos mesmos princípios de sua defesa à Constituição de 1988: aprofundar a democracia, sempre mirando a justiça social. Lançamento Civilização Brasileira, 192 páginas. Preço sugerido pela editora: R$ 79,90.

“Catálogo de Cantoras Negras Brasileiras” – Luciana Oliveira

A cantora, compositora e pesquisadora Luciana Oliveira lança “Catálogo de Cantoras Negras Brasileiras”. A obra mapeia a trajetória de cantoras negras no Brasil, abrangendo diferentes períodos e regiões do país. O trabalho nasceu a partir de sua pesquisa de Mestrado em Fonoaudiologia na PUC-SP, onde Luciana investigou a estética afro-diaspórica no canto e na performance musical dessas artistas. Diante da dificuldade de encontrar registros detalhados sobre cantoras negras brasileiras, decidiu criar um livro documento que preservasse suas histórias e contribuições para a música brasileira.

A capa do livro “Catálogo de Cantoras Negras Brasileiras”, de Luciana Oliveira (Editora Dandara/Divulgação)

O livro destaca tanto as pioneiras que abriram caminhos, preservaram memórias e fortaleceram os laços entre África e Brasil, quanto as contemporâneas. Nomes como os de Leci Brandão, Dolores Duran e Dona Ivone Lara. A obra também exalta aquelas que elevaram o canto feminino ao status de divino, caso de Elizeth Cardoso. Entre os destaques da nova geração, estão Liniker, Luedji Luna, Karol Conká, Letícia Fialho, Jaque Barroso, Isaar e Bia Ferreira. Editora Dandara. Disponível para compra no site: dandaraeditora.com.br.

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