Recompra de ações mantém fôlego em 2025; veja setores com maior retorno

Em um momento de juros altos e Bolsa barata, e após atingirem patamar recorde em 2024, os programas de recompra de ações vêm mantendo o fôlego em 2025. Em janeiro, foram recomprados R$ 2,6 bilhões em ações, em linha com a média mensal registrada no ano passado, segundo levantamento do Itaú BBA. 

O movimento rentabiliza os acionistas, mas ao mesmo tempo pode limitar o crescimento de pagamento de dividendos, apontam especialistas. 

A recompra de ações acontece quando uma empresa decide abrir um programa para adquirir de volta suas ações negociadas no mercado, reduzindo o número de papeis circulando. Como isso diminui o número de papeis em negociação, eleva o valor dos restantes, gerando valor ao acionista. 

“É importante mencionar que estamos passando por um período de ´vacas magras´ no mercado, onde as empresas reconhecem que suas ações estão subvalorizadas e acabam recomprando numa sinalização de confiança e pechincha”, resume Raphael Figueiredo, estrategista de ações da XP.

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O objetivo anunciado por 127 programas ativos é de recompra de R$ 72,3 bilhões em ações, totalizando 108 companhias, segundo os últimos dados do Itaú BBA, divulgados na terça-feira (18). 

Desse total, há R$ 56,4 bilhões que ainda não foram recomprados – lembrando que muitas vezes a meta acaba não sendo atingida por falta de caixa ou de interesse da empresa de levar o programa até o fim. Os programas ficam abertos por 18 meses.

“É difícil ter certeza, mas se metade do valor em aberto for recomprado, tudo aponta para mais um ano forte nas recompras”, diz Daniel Gewehr, que lidera o time de estratégias do Itaú BBA. 

Ele lembra que, em 2024, R$ 30,7 bilhões em ações foram readquiridas por emissores, o que fez das recompras o segundo maior comprador da Bolsa brasileira. “No ano passado, quem comprou foi a pessoa física e recompras”, diz.

Confira abaixo o volume recomprado mensalmente de janeiro de 2024 para cá:

MÊS VOLUME RECOMPRADO (EM R$ BI)
Janeiro/24 3,5
Fevereiro 1,2
Março 1,5
Abril 2,7
Maio 2,7
Junho 2,5
Julho 2,6
Agosto 2,5
Setembro 1,8
Outubro 3,6
Novembro 2,3
Dezembro 3,9
Janeiro/25 2,6

Fonte: Itaú BBA

O objetivo das empresas com esses programas pode ser valorizar suas ações, remunerar os acionistas indiretamente e sinalizar confiança, como um recado de que a companhia acredita no seu próprio potencial

“O lado macroeconômico é negativo para a Bolsa, com os juros ainda em alta e a inflação subindo”, explica o estrategista do Itaú BBA. 

Apenas em 2025, 9 programas foram abertos com uma meta financeira de R$ 3,8 bilhões. As empresas que abriram os programas são: Neoenergia (NEOE3), Porto (PSSA3), Tim (TIMS3), LWSA (LWSA3), Iguatemi (IGTI11), Lavvi (LAVV3), Tenda (TEND3) e Eneva (ENEV3).

A Lojas Renner foi a última da lista, com a expectativa de adquirir até 75 milhões de papéis de sua própria emissão, representativas de 7,13% das ações em circulação da empresa, o equivalente a cerca de R$ 1 bilhão.

Setores com maior retorno na recompra de ações

Dos programas em aberto, o levantamento do Itaú BBA mostra que os setores com o maior yield de recompra (volume alvo/capitalização de mercado) são energia (6,6%), utilidades públicas (6,3%) e consumo discricionário ou de bens e serviços não essenciais (4,5%).

Veja abaixo os dados por setor: 

SETOR YIELD DE RECOMPRA (EM %)
Energia 6,6
Utilidades públicas 6,3
Consumo discricionário 4,5
Indústria 4
Materiais básicos 3,1
Imobiliário 2,9
Tecnologia  2,7
Comunicação 2,6
Financeiro 2,1
Saúde 2
Consumo básico 1,4

Fonte: Itaú BBA 

O estudo ainda apontou os cinco programas de empresas que ainda não completaram 25% das recompras programadas, de valor acima de R$ 1 bilhão com um yield de 5% ou mais. Veja abaixo a lista:  

EMPRESA YIELD (EM %)
Copel (CPLE6) 10
Vibra (VBBR3) 8,8
B3 (B3SA3) 7
Locaweb (LWSA3) 6,9
JBS (JBSS3) 5,1

Fonte: Itaú BBA

Impacto da recompra sobre os dividendos 

Um ponto importante apontado por especialistas é que os programas de recompra competem no caixa da empresa com os dividendos, e que portanto podem limitar os pagamentos destes, que no Brasil são isentos de impostos

“Como as recompras e os dividendos competem pelo mesmo caixa, o foco em recompras pode limitar o crescimento do montante total de dividendos, com as empresas priorizando a flexibilidade”, aponta Figueiredo, da XP. “As empresas podem preferir recompras no lugar de dividendos para evitar compromissos fixos. Isso pode moderar aumentos nos dividendos em 2025”. 

Na avaliação de Gewehr, essa limitação pode atingir parte das companhias. “Para algumas empresas, existe sim uma escolha entre recompras e dividendos”, afirma o estrategista do Itaú BBA. “Mas no final, é necessário considerar que ambos são formas de remuneração do acionista.”

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