Exagerou no Carnaval? Veja como aliviar os sintomas da ressaca

carnaval

A época do Carnaval é marcada por festas, o que acaba sendo relacionado com exageros, principalmente quando se trata do consumo de bebidas alcoólicas. Uma das grandes consequências desses dias e dias de folia é a ressaca

A definição da ressaca, segundo Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD), é uma reação do corpo ao consumo excessivo de álcool, o que leva a uma série de sintomas desagradáveis que afetam tanto o físico quanto o emocional. 

Essa reação do organismo independe do tipo de bebida que foi ingerida, ou seja, destilados ou fermentados. Ela vai depender mesmo do volume ingerido no dia. Vale lembrar que diferentes bebidas possuem níveis individuais de teor alcoólico. 

Leia mais: Carnaval 2025: como curtir a folia sem descuidar da saúde

Cervejas podem variar entre 1% a 12%, dependendo da marca e até mesmo do tipo da bebida. Em geral, as cervejas do mercado ficam entre 4% e 6%. Já destilados como cachaça, vodca e rum têm um teor bem mais alto, entre 30% a 70%.

Por isso, a ressaca vai depender do consumo individual. Quando se trata de sintomas, os efeitos mais comuns são dores musculares, desidratação, fadiga, mal-estar, náusea, tontura e dor de cabeça. 

Além disso, a ressaca pode causar sensibilidade à luz e ao som, confusão mental, irritabilidade e até aumento da frequência cardíaca, de acordo com o cirurgião. Entenda mais sobre o tema:

O que acontece no corpo ao consumir álcool?

Quando a bebida alcoólica é ingerida, ela é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal e chega ao fígado, órgão que vai iniciar a metabolização. 

O fígado utiliza duas enzimas principais para processar o álcool: a álcool desidrogenase (ADH) e a aldeído desidrogenase (ALDH).

De acordo com Elaine Dias JK, metabologista e PhD em endocrinologia pela USP, o processo ocorre da seguinte forma: 

“Primeiro, o ADH converte o álcool em acetaldeído, uma substância tóxica que causa muitos dos sintomas desagradáveis da ressaca, como dor de cabeça e náusea. Depois, o ALDH transforma o acetaldeído em ácido acético, que é eliminado pelo corpo sem causar maiores danos”, disse.

Mas quando alguém exagera na bebida (independentemente da data, não somente no Carnaval), o fígado não consegue processar o acetaldeído de maneira eficiente, e ele se acumula, intensificando os sintomas da ressaca, como cansaço, dor de cabeça e mal-estar geral.

Elaine ainda destaca que o álcool também interfere no sono, suprimindo a fase REM, o que piora a sensação de cansaço no dia seguinte.

Leia também: Desidratação: Entenda os riscos que você não pode ignorar para seu corpo

Esses sintomas acontecem porque o álcool desidrata o corpo, afeta o sistema nervoso e pode sobrecarregar diversos órgãos.

De acordo com Nacif, isso tudo “torna a recuperação difícil e, muitas vezes, desconfortável. Por isso, é importante pensar no impacto do consumo de álcool, considerando tanto os efeitos imediatos quanto os riscos a longo prazo”.

A combinação desses processos pode resultar em uma recuperação mais difícil, especialmente após grandes quantidades de álcool, como é comum durante festividades como o Carnaval.

O impacto no sistema digestivo

Além de todos os sintomas da ressaca que acontecem depois da folia, o consumo excessivo de álcool, seja de forma abrupta ou prolongada, pode ter efeitos consideráveis no sistema digestivo. 

Segundo Nacif, o álcool afeta principalmente o estômago e o esôfago, podendo causar sintomas como queimação, refluxo, má digestão, gastrite e esofagite. 

“Além disso, o álcool pode inflamar o fígado e o pâncreas, o que pode levar a condições graves como hepatite e pancreatite alcoólica”, explicou.

Para aqueles que bebem frequentemente, os danos podem ser ainda mais severos. Ele reforça que o consumo frequente da bebida, em especial em eventos como o Carnaval, tendem a deixar efeitos duradouros no sistema digestivo. 

“Quando o álcool é consumido de forma constante e em grandes quantidades, ele pode causar danos crônicos aos órgãos digestivos, como o fígado e o estômago. Isso pode resultar em condições graves, como gastrite, úlceras e até cirrose hepática”

— Lucas Nacif, cirurgião gastrointestinal e membro do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD)

Como aliviar os sintomas da ressaca?

Exagerou no Carnaval? Nem tudo está perdido. Existem algumas estratégias que podem ajudar a minimizar os efeitos da bebida no dia seguinte. 

O primeiro passo é sempre a hidratação – que deveria ter sido feita durante a folia, por sinal, intercalando água entre os drinks. Outro ponto importante é fazer a reposição de nutrientes perdidos. 

Elaine explica que o álcool compromete a absorção e o metabolismo de vários nutrientes, incluindo:

  • Vitaminas do complexo B (especialmente B1, B6 e B12), que afeta a função neurológica e energética;
  • Magnésio, que pode contribuir para fadiga e cãibras musculares; e
  • Potássio e sódio, que causam desequilíbrios eletrolíticos e aumentam fadiga e tontura.

A recomendação da metabologista para se recuperar após os exageros do Carnaval é a seguinte: 

  • Água e eletrólitos (soro de reidratação, água de coco), que ajudam a repor líquidos e corrigir o desequilíbrio;
  • Alimentos ricos em B6 (banana, frango, abacate) para reduzir a náusea;
  • Carboidratos complexos (pães integrais, aveia), para estabilizar os níveis de glicose; e
  • Alimentos ricos em cisteína (ovos, alho, cebola) auxiliam na metabolização do acetaldeído.

Além disso, para evitar problemas gastrointestinais, Nacif recomenda não beber de estômago vazio. 

“O ideal é evitar consumir álcool de estômago vazio e principalmente durante a ingestão fazer consumo de soluções hidratantes e frutas. Na realidade, para se evitar, o ideal é não fazer o uso da bebida alcoólica ou mesmo de maneira moderada”, disse.

Quando a ressaca pode ser um sinal de algo mais grave?

Embora a ressaca seja geralmente temporária, alguns sintomas podem indicar problemas mais sérios. 

O cirurgião alerta que sinais como dor abdominal intensa, queimação persistente, azia frequente, refluxo severo, vômito com sangue ou fezes escuras podem indicar complicações mais graves e exigem atenção médica imediata.

Além disso, a idade pode influenciar a forma como o corpo metaboliza o álcool. Elaine detalha que, com o envelhecimento, há diversas alterações metabólicas que podem piorar a ressaca.

“Redução na atividade das enzimas hepáticas (ADH e ALDH), que leva a um metabolismo mais lento, a diminuição da massa muscular, o que pode aumentar a concentração de álcool no sangue. E também o menor volume de água corporal, que eleva a taxa de alcoolemia”, afirmou.

A melhor maneira de evitar a ressaca é consumir álcool com moderação, intercalar bebidas alcoólicas com água e manter uma alimentação equilibrada antes, durante e após o consumo.

The post Exagerou no Carnaval? Veja como aliviar os sintomas da ressaca appeared first on InfoMoney.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.