Putin e Trump. Por Elias Jabbour

Putin e Trump se encontraram ainda no primeiro mandato do estadunidense. Foto: Jorge Silva/Reuters

Por Elias Khalil Jabbour, no X

Estou vendo muita gente sem saber o que dizer sobre esta aproximação. E isso tem me chamado a atenção por motivos que me incomodam. O principal deles é a negação da política e a absorção fácil pela esquerda ocidental de dicotomias como ditadura x democracia. Os fenômenos são mais complexos. Putin e Trump, por motivos diferentes refletem o “espírito do tempo” na Rússia e EUA. A primeira em posição de combate à ordem liberal e o segundo de desmonte desta ordem e tentativa de retroagir ao pré-Westphalia.

Do ponto de vista da dialética, ambos podem ser vistos como uma unidade de contrários. Em uma unidade de contrários a tendência é de um, ou ambos, desaparecem no longo prazo. A Rússia teve sua “questão nacional” de volta ao centro no dia seguinte ao final da URSS. A “inteligência” estadunidense permitiu que a China não somente se desenvolvesse, mas também que o futuro lhe reservasse uma aliança sem limites com a Rússia.

A China moderna é produto da Revolução Russa de 1917, a superando e sendo funcional ao renascimento nacional russo. Os EUA perderam, restando a Trump a missão inglória de tentar destruir os laços entre China e Rússia.

Entra em cena uma fantástica triangulação onde a “inteligência” estadunidense volta a dar as caras. Aos russos interessam sua volta ao sistema internacional. Vai voltar ao sistema internacional. O imperialismo continuará se desmoralizando e mostrando sua sede colonial. Em Gaza e na Ucrânia.

O encontro de Putin e Trump em 2018. Foto: reprodução

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