Fortaleza vai a mercado para vender parcela minoritária de sua SAF

Marcelo Paz, CEO da SAF do Fortaleza

O Fortaleza Esporte Clube finalmente está no mercado para vender uma parcela das ações da sua Sociedade Anônima do Futebol (SAF). De partida, um desafio: o clube cearense quer um investidor minoritário, estratégia inédita na elite do futebol brasileiro.

A XP Investimentos recebeu o mandato para fazer um amplo roadshow com investidores nacionais e estrangeiros. “Posso dizer que os players do futebol mundial que já investem ou têm interesse de investir em futebol já tiveram conhecimento de alguma maneira do case do Fortaleza”, diz o CEO da SAF, Marcelo Paz, ao InfoMoney.

Resta agora convencer o mercado a embarcar em uma tese que abre mão do controle em um eventual investimento, desafio reconhecido pela atual gestão e por agentes envolvidos em negócios do futebol devido ao apetite maior de gestores pelo controle dos projetos.

Para aprovar a atualização do estatuto que permitiu a criação da SAF, o Fortaleza definiu regras mais rígidas e precisaria reunir uma quantidade maior de votos no conselho deliberativo para negociar uma parcela igual ou superior a 51% da sociedade.

Até para não limitar ainda mais as possibilidades, o Fortaleza está disposto a ouvir vários desenhos de contrato, desde que a compra de participação do novo acionista se limite a 49%.

Entre as possibilidades para a venda, no entanto, não se descarta que um investidor entre como minoritário e tenha opção de compra para se tornar majoritário. Em um contrato como esse, a decisão voltaria para a assembleia geral de sócios e demandaria novamente uma aprovação por margem mais ampla.

“Acreditamos que esse investidor possa vir a participar, sim, da gestão, e aí se discute no acordo de investimentos, qual seria essa participação, que diretoria que ele vai assumir, qual a quantidade de assentos no conselho de administração ele teria de acordo com o percentual”, conta Paz.

Sua avaliação é de que a tese minoritária pode ser até mais aceita por investidores brasileiros, dado o acompanhamento mais próximo da operação do Fortaleza nos últimos anos. O que torna a negociação com um estrangeiro mais possível é a quantidade proporcional de investidores do mercado de futebol fora do Brasil.

Desde meados da década passada, o Fortaleza passou por um processo de reestruturação que levou o clube da Série C do futebol nacional às recentes disputas da Copa Libertadores em função das boas classificações na Série A do Brasileirão.

Os resultados esportivos foram consequência uma gestão que buscou equilíbrio nas contas e um projeto profissionalizado no futebol. A reestruturação permitiu ao clube aprovar sua SAF com calma, em 2023, em um cenário bem diferente de clubes endividados que seguiram o mesmo caminho, como Botafogo, Cruzeiro e Vasco.

“Para nós seria interessante vender [a participação minoritária] neste ano para capitalizar o clube. Porém, não adianta estabelecer prazo para vender de qualquer jeito”, avalia Paz. “Mais importante do que o prazo é a forma, é o conteúdo.”

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