Caso Vitória: defesa quer pedir anulação de confissão de suspeito; ele foi transferido para presídio em SP

A defesa de Maicol Antonio Sales dos Santos, de 27 anos, que admitiu ter matado por vingança a adolescente Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, quer pedir a anulação da confissão. A revelação foi feita na tarde de quarta-feira (19), quando o suspeito foi transferido da Delegacia de Cajamar, na Grande São Paulo, para o Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos, na Região Metropolitana da Capital. A mudança ocorreu por questões de segurança, já que o homem temia por sua integridade física.

Equipes de reportagem acompanharam a saída de Maicol da delegacia e questionaram os advogados sobre os próximos passos. Foi quando eles disseram que o seu cliente está sofrendo “pressão psicológica” e ainda apontaram inconsistências no inquérito, por isso, querem pedir a anulação da confissão.

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Maicol cumpre prisão temporária e, segundo a Polícia Civil, confessou em depoimento ter matado Vitória sozinho. Ele alegou que o assassinato ocorreu em um momento de descontrole. O homem disse que esfaqueou a vítima dentro do seu carro, mas que tudo foi muito rápido e ela nem chegou a gritar por socorro.

“Vitória não chegou a gritar, porque os dois golpes foram muito rápidos chegando a desfalecer logo após o segundo golpe. Tudo foi muito rápido, [o suspeito] entrou em desespero e seguiu sentido à sua casa”, diz um trecho do depoimento de Maicol.

O homem alegou que teve um relacionamento com Vitória há cerca de um ano e meio e ela teria ameaçado que revelaria o caso para a esposa dele. Assim, na data do crime, ele a chamou para conversar e ela entrou no carro espontaneamente.

Em um determinado momento da conversa, segundo Maicol, Vitória teria tentado agredi-lo, quando ele perdeu a cabeça, pegou a faca e a atacou. Depois disso, desesperado, ele foi para casa e colocou o corpo da vítima no porta-malas do carro. Na sequência, pegou uma enxada e seguiu até uma estrada de terra, onde abriu uma cova e enterrou o corpo.

Apesar das alegações de Maicol, a polícia diz que não há indícios de que Vitória manteve um relacionamento com ele. A investigação descobriu que ele era obcecado por ela, sendo que a perseguia desde 2024. Várias fotos da garota foram encontradas no celular do homem.

A Polícia Civil diz que, a partir das provas colhidas até agora e a confissão de Maicol, não há mais dúvidas sobre a autoria do crime. Os investigadores acreditam que ele agiu mesmo sozinho e só aguardam a finalização de alguns laudos para concluírem as investigações.

“Fica claro que somente ele participou desse crime. Primeiro porque ele já vinha perseguindo. Isso é o que já há muito tempo ele vinha perseguido a vítima, mas a prova cabal ontem à noite ele quis confessar o crime. E fica muito claro que ele era obcecado pela vítima”, disse o delegado Luiz Carlos do Carmo, diretor da Polícia Civil da Grande São Paulo.

Morte de Vitória

Vitória foi vista pela última vez no dia 26 de fevereiro, em Cajamar. O pai da jovem sempre a buscava de carro no trabalho, mas naquela data o veículo estava em uma oficina e ela teve que voltar de ônibus. Logo que saiu do serviço, Vitória mandou uma mensagem por WhatsApp para uma amiga, quando disse que estava sendo perseguida por dois homens e que estava com medo.

A garota contou que, ao chegar no ponto de ônibus, um dos suspeitos entrou no mesmo coletivo que ela. Foi quando a amiga disse que poderia ser que ele também estivesse indo para casa ou, quem sabe, estivesse mesmo a perseguindo: “Espero que não”, respondeu a adolescente, que sumiu após embarcar no coletivo.

O corpo dela foi achado após uma semana do desaparecimento, com várias marcas de violência. O corpo da adolescente estava completamente sem roupas e com os cabelos raspados.

O laudo pericial do Instituto Médico-Legal (IML) revelou que Vitória faleceu em decorrência de uma hemorragia após levar três facadas, sendo uma no tórax, uma no pescoço e outra no rosto. A análise descartou a possibilidade de que a garota tenha sido estuprada, como chegou a ser cogitado.

O documento, que foi entregue na última terça-feira (18) pela Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC) à Polícia Civil, mostra que exames feitos na região genital da vítima constataram que não houve “lesões traumáticas de interesse médico-legal”. Também foi feita uma pesquisa por espermatozoides, que deu resultado negativo.

O laudo revelou, ainda, que Vitória apresentava álcool no sangue. Porém, isso não prova que ela tenha consumido bebidas alcoólicas antes de morrer, pois pode caracterizar “um processo de fermentação característico da putrefação”, já que o corpo dela já tinha iniciado a decomposição.

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