Turquia prende prefeito de Istambul; decisão deve inflamar protestos da oposição

Um tribunal turco decidiu neste domingo (23) pela prisão do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal rival político do presidente Tayyip Erdogan, enquanto aguarda julgamento por acusações de corrupção. A medida provavelmente inflamará os maiores protestos do país em mais de uma década.

A decisão de mandar Imamoglu para a prisão foi tomada depois que o principal partido de oposição, líderes europeus e dezenas de milhares de manifestantes criticaram as ações contra ele, considerando-as politizadas e antidemocráticas.

À medida que os acontecimentos no tribunal se desenrolavam, havia sinais de que os problemas do prefeito estavam galvanizando a oposição contra o governo de Erdogan, que governa a Turquia há 22 anos.

Milhares de membros e não-membros do Partido Republicano do Povo (CHP) foram às seções eleitorais em todo o país para eleger Imamoglu como seu candidato em uma futura votação presidencial.

O voto dos não-membros será observado de perto como um indicador de quanto apoio o amplamente popular Imamoglu desfruta além dos fiéis do partido.

Imamoglu chamou as acusações que enfrenta de “calúnias inimagináveis” e convocou protestos em todo o país no domingo. “Vamos acabar com esse golpe, essa mancha em nossa democracia, todos juntos”, afirmou ele.

As imagens mostraram o que as emissoras disseram ser ele sendo levado para a prisão de Silivri em um comboio da polícia.

Imamoglu foi afastado de suas funções, juntamente com dois outros prefeitos distritais, segundo um comunicado do Ministério do Interior.

O governo nega que as investigações tenham motivação política e afirma que os tribunais são independentes.

A proibição de reuniões nas ruas em todo o país foi prorrogada no sábado por mais quatro dias, mas os protestos e os confrontos com a polícia continuaram durante a noite nas principais cidades.

Milhares de pessoas se aglomeraram do lado de fora do tribunal durante a noite e na madrugada de domingo, aguardando as decisões sobre Imamoglu.

O tribunal disse que Imamoglu, de 54 anos, e pelo menos 20 outros foram presos como parte de uma investigação de corrupção, uma das duas abertas contra ele na semana passada.

O tribunal informou que ele foi preso por “estabelecer e liderar uma organização criminosa, aceitar subornos, desvio de fundos, registrar ilegalmente dados pessoais e fraudar licitações públicas em conexão com uma investigação financeira”.

A prisão ocorre após uma repressão legal de meses contra figuras da oposição e a remoção de outras autoridades eleitas do cargo, no que os críticos chamaram de uma tentativa do governo de prejudicar suas perspectivas eleitorais.

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