Grupo de extrema-direita se une a youtuber do MBL e ameaça alunos “comunistas” da UnB

Wilker Leão, youtuber do MBL suspenso das aulas na UnB. Foto: reprodução

Um grupo de extrema-direita, ligado ao youtuber do MBL (Movimento Brasil Livre) Wilker Leão, está organizando uma ação violenta na Universidade de Brasília (UnB) nesta sexta-feira (4). Nas conversas, obtidas pelo Metrópoles, os participantes afirmam ter como objetivo agredir estudantes que identificam como “comunistas”, embora não especifiquem quem seriam esses alvos.

“Nossa intenção não é ‘recuperar’ a UnB, que nem é deles, e sim trocar porrada com os vermes”, escreveu um dos integrantes do grupo. Wilker Leão já foi suspenso duas vezes pela universidade por gravar aulas sem autorização dos professores e intimidar outros alunos, chamando-os de “covardes”.

Em uma briga, ele foi filmado afirmando que poderia mobilizar mais de 100 pessoas para o ato. “Agora, se baixarmos a cabeça ou demonstrarmos fraqueza, aí eles vão se sentir mais fortes”, argumentou Leão.

O clima de tensão levou setores da UnB a suspenderem as atividades. O Instituto de Letras (IL) cancelou o expediente após as 12h30, enquanto o Diretório Acadêmico de Comunicação (Dacom) decidiu fechar suas portas antecipadamente, mesmo com as aulas na Faculdade de Comunicação (FAC) mantidas. “A universidade está informada sobre o ataque, e a segurança será reforçada”, informou uma fonte interna.

Após a determinação de mais uma suspensão, em março, Leão usou as redes sociais para ameaçar novos tumultos e voltas às aulas. “Continuarei a estar em sala de aula, sim, e eu quero ver o que você e sua gentalha vão fazer”, escreveu no X, antigo Twitter. “Não queiram nem ver a nossa resposta a uma eventual covardia de vocês”, emendou.

Wilker Leão ameaçou novos tumultos no X. Foto: reprodução

A UnB tem sido alvo constante de ataques desde antes do início do semestre. Durante as férias, um grupo pintou de branco a porta do Centro Acadêmico de Artes Visuais (Cavis), apagando desenhos e frases deixadas por estudantes.

Na ocasião, justificaram a ação como necessária para eliminar “símbolos comunistas”. Além disso, penduraram uma bandeira de Israel no campus e prometeram novas investidas contra o que chamam de “doutrinação comunista”.

A Reitoria da UnB emitiu comunicado afirmando que adotou “um conjunto de ações voltadas à preservação da segurança de sua comunidade e do patrimônio público”, incluindo reforço na segurança patrimonial e cooperação com órgãos como a Polícia Federal (PF) e a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).

O youtuber recentemente expôs em seu canal oito estudantes da UnB, mostrando nomes, fotos e perfis nas redes sociais. No vídeo, ele pede que seguidores enviem informações sobre os alunos para que possa processá-los. “Tudo que você conseguir desse cara […] o processarei criminalmente e preciso da sua ajuda”, disse sobre um dos estudantes.

O deputado Gabriel Magno (PT) apresentou denúncia à Polícia Civil do DF (PCDF) e à UnB, pedindo apuração do caso. “Esse cidadão já foi suspenso mais de uma vez pela Universidade de Brasília por gravar, sem autorização, professores e alunos durante as aulas”, destacou Magno no ofício.

Fama na extrema-direita

Wilker Leão ganhou notoriedade em 2022 após um confronto com Jair Bolsonaro (PL). Na ocasião, ele questionou o ex-presidente pela subserviência ao então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o chamou de “Tchutchuca do centrão”.

Na UnB, seus problemas começaram em agosto de 2024, quando uma professora o denunciou por gravar aulas e divulgar trechos fora de contexto. Desde então, acumula suspensões e polêmicas, incluindo acusações de vazar dados pessoais de colegas e incentivar seguidores a agredi-los.

A reitora Rozana Naves já suspendeu Leão por 60 dias em dezembro passado e, recentemente, por mais dois meses. A UnB mantém que “a gravação e a divulgação de conteúdos das aulas sem autorização do professor não são permitidas”, enquanto o MEC afirma que decisões disciplinares cabem à instituição.

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