
A greve dos auditores da Receita Federal, que já dura mais de quatro meses, pode provocar atrasos na restituição do Imposto de Renda em 2025.
De acordo com o Sindifisco Nacional, que representa a categoria, a paralisação está impactando diretamente os contribuintes e causando instabilidade nos serviços da Receita, especialmente no comércio exterior.
Mais de 5.600 auditores reafirmaram sua adesão à greve em assembleia realizada em 28 de março.
A principal demanda da categoria é o aumento do salário-base, atualmente fixado em R$ 29 mil. Os auditores criticam o governo por não ter concedido aumentos a essa carreira neste ano, ao contrário de outras categorias do funcionalismo público.
Impactos ao contribuinte
A greve já resultou em atrasos, como na disponibilização da declaração pré-preenchida do Imposto de Renda, que foi liberada apenas no dia 1º de abril — duas semanas após o início do prazo oficial para envio das declarações, que começou em 17 de março.
Além disso, neste ano, não foi publicada a tradicional cartilha de perguntas e respostas para orientar os contribuintes.
Segundo o Sindifisco, os efeitos da greve ainda são difíceis de medir com precisão, mas estima-se que R$ 14 bilhões em tributos deixaram de ser arrecadados devido à lentidão nos trâmites fiscais.
O impacto também é sentido no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), onde conselheiros não pautaram processos em janeiro e fevereiro, travando discussões que somam R$ 145 bilhões.
No comércio exterior, os prejuízos logísticos e operacionais já alcançam R$ 3,5 bilhões, incluindo custos com armazenagem, quebra de contratos e remessas internacionais paradas — mais de 600 mil encomendas permanecem retidas nas unidades da Receita em todo o país.
Impasse salarial
A categoria reivindica a elevação do salário-base de R$ 29 mil para R$ 32 mil a partir de 2025, citando perdas inflacionárias acumuladas desde 2016.
O governo federal, por sua vez, argumenta que os auditores foram beneficiados por um bônus de produtividade regulamentado em 2024, com pagamentos escalonados até 2026. Atualmente, esse bônus gira em torno de R$ 3.000 mensais e se soma à remuneração dos servidores.
O Ministério da Gestão e Inovação ressalta que os auditores já receberam um aumento de 9% em 2023 e que o bônus eleva significativamente a remuneração total da carreira.
No entanto, o sindicato defende que o bônus não deve ser considerado parte do salário e exige equiparação com outras categorias que obtiveram reajustes neste ano.
O impasse continua sem previsão de solução, aumentando o risco de atrasos no cronograma de restituições do Imposto de Renda e pressionando o governo em meio a uma arrecadação abaixo do esperado.
The post Greve na Receita pode atrasar restituição do IR e travar R$ 14 bi em tributos appeared first on InfoMoney.