Nem Bolsonaro, nem Malafaia: saiba em quem o STF vai ficar de olho no ato da Paulista

Bolsonaro e Tarcísio de Freitas em ato da extrema-direita. Foto: reprodução

Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) acompanham com atenção especial o ato bolsonarista pró-anistia, marcado para este domingo (6), em São Paulo. Mas, diferente dos demais atos da extrema-direita, os magistrados direcionam seu foco principal para a participação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), cujo tom pode definir os rumos da relação entre o Executivo paulista e a Corte.

Enquanto as falas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do pastor Silas Malafaia, principal organizador do evento, são vistas como “mais do mesmo” pelos magistrados, a postura de Tarcísio, ainda tido por alguns setores e pelos maiores veículos de imprensa como “moderado”, é considerada o verdadeiro termômetro político do evento.

O desconforto do STF com o governador vem crescendo desde seu discurso no ato de Copacabana em 16 de março, quando classificou os réus do 8 de janeiro como “inocentes que receberam penas desarrazoadas” e defendeu a anistia como caminho para “pacificar o país”. A fala causou mal-estar mesmo entre ministros que mantinham bom diálogo com Tarcísio, incluindo Alexandre de Moraes, o mais atacado pelo bolsonarismo.

Tarcísio é próximo ao ministro Alexandre de Moraes. Foto: reprodução

“A avaliação feita é que o governador tem pesado nos gestos ao bolsonarismo”, revelaram fontes próximas à Corte, segundo Bela Megale, do Globo. O que preocupa os ministros é a aparente estratégia de Tarcísio de “ficar com um pé em cada canoa”, ou seja, manter a imagem de moderado enquanto, “a portas fechadas, também tem aumentado suas críticas ao STF”.

Bolsonarismo raiz

Nos últimos dias, o Metrópoles revelou que Tarcísio chegou a mobilizar secretários para tentar ajudar paulistas presos pelos ataques a Brasília, embora a iniciativa não tenha prosperado. Dias após os atos golpistas de 8 de janeiro, a Polícia Militar de São Paulo desmobilizou 34 acampamentos bolsonaristas sem efetuar prisões, contrariando determinação expressa de Moraes.

Na época, o governador justificou: “As pessoas foram convencidas a desmobilizar, houve conversa, e prontamente nosso apelo foi atendido”.

O ato deste domingo coloca o governador em uma encruzilhada política. Se adotar um tom mais moderado, arrisca desagradar sua base bolsonarista, que não enxergou bem a cordialidade ao presidente Lula (PT) em eventos públicos. Se radicalizar o discurso, pode comprometer definitivamente sua relação com o STF.

“Quero ver quem vai ter coragem de se opor”, desafiou Tarcísio no evento do Rio, ao lado de Bolsonaro. Agora, o STF aguarda para ver se o governador manterá essa retórica combativa ou buscará um tom mais conciliatório.

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