
A tensão entre Estados Unidos e China no campo comercial ameaça colapsar um dos pilares da economia rural americana: a produção de soja. Diante do agravamento da guerra tarifária, produtores vêm intensificando a pressão sobre o governo de Donald Trump para suspender as barreiras impostas a Pequim, sob o risco de falência em massa e perda de competitividade diante da soja brasileira.
O setor agrícola foi diretamente atingido pelas represálias chinesas, consideradas por analistas uma “bomba atômica” contra os republicanos. A China, maior compradora de soja dos EUA, passou a priorizar a importação do grão brasileiro. “A escalada contínua das tarifas com a China é preocupante”, afirmou a Associação Americana da Soja. O presidente da entidade, Caleb Ragland, alertou: “Se essa guerra for mantida, vamos ter um número significativo de fazendeiros indo à falência”.
A soja movimenta cerca de US$ 125 bilhões por ano nos Estados Unidos e envolve meio milhão de produtores, muitos deles em estados-chave para Trump. Em 2024/25, a demanda chinesa pelo grão americano já caiu 3%, de acordo com levantamento da consultoria Terrain. A tendência, segundo especialistas, é de que a preferência pela soja brasileira se consolide, mesmo com um eventual novo acordo comercial.

A aposta do setor é em negociações que estabeleçam compromissos obrigatórios de compra por parte da China e na retomada de subsídios federais, como os US$ 23 bilhões liberados no primeiro mandato de Trump. A Iowa Soybean Association reforçou o apelo por medidas emergenciais: “Os produtores de soja estão na linha de frente de uma guerra comercial global e precisam de respostas rápidas para mitigar as perdas”.
O impacto não se limita ao campo econômico. Estados como Iowa e Louisiana — grandes produtores de soja e redutos republicanos — estão sob forte risco. Brent Swart, presidente da associação de Iowa, afirmou que os efeitos das tarifas são imediatos: “O prolongamento dessa guerra pode afastar permanentemente os produtores americanos dos principais mercados internacionais”.
Com a eleição se aproximando, o cenário preocupa a Casa Branca. O setor agrícola representa não apenas uma força econômica, mas um eleitorado crucial para Trump. A disputa comercial, inicialmente pensada como instrumento de força geopolítica, agora ameaça minar o apoio em regiões estratégicas — tornando a soja americana um elemento-chave no tabuleiro político de 2024.
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