Em novo vídeo, batalhão da PM que queimou cruz usa canção que diz “sou sujo, mau e imundo”

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), segura bandeira do 9º Baep, da PM-SP

O 9º Batalhão de Ações Especiais (Baep) da Polícia Militar de São Paulo, que divulgou um vídeo com policiais militares queimando cruz e fazendo gestos semelhantes a uma saudação nazista, realizou mais de uma vez o mesmo ritual cerimonioso, que ocorre sempre que uma nova turma de policiais passa pelo curso de formação e recebe o brasão que a distingue das demais forças da PM paulista.

O vídeo abaixo foi publicado pelo Baep em janeiro deste ano, e mostra um policial realizando uma espécie de juramento de lealdade ao batalhão, com o braço direito estendido, em gesto que vem sendo comparado ao das tropas alemãs no momento em que juravam lealdade a Adolph Hitler. Compare, nos vídeos abaixo, as duas cerimônias.

Já o vídeo abaixo é da mesma cerimônia, só que de sua edição de janeiro de 2023. O Baep publicou as imagens sob o fundo musical da canção T.N.T., da banda AC/DC. Em um dos trechos da canção, pode-se ouvir: “Eu sou sujo, sou mau, sou poderosamente imundo”. Assista.

Abaixo, leia trecho da letra da música escolhida pela polícia paulista para representar a cerimônia de formatura de sua tropa de elite.

Letra da canção “TNT”, escolhida pela PM-SP em vídeo de formação de sua tropa de elite (crédito: AC/DC)

Após a polêmica gerada pelo vídeo com a cruz em chamas, a PM-SP divulgou a seguinte nota:

“A Polícia Militar é uma instituição legalista e repudia toda e qualquer manifestação de intolerância. Assim que tomou conhecimento das imagens, a Corporação instaurou um procedimento para investigar as circunstâncias relativas ao caso. A Corporação não compactua com desvios de conduta e reforça que qualquer manifestação que contrarie seus valores e princípios será rigorosamente apurada e os envolvidos responsabilizados”.

Nos Estados Unidos, a queima da cruz – prática histórica da organização supremacista Ku Klux Klan – é considerada um símbolo de intimidação e ódio. Em 2003, a Suprema Corte norte-americana decidiu que a ação pode ser classificada como crime, principalmente quando usada como ameaça a minorias. Aqui no Brasil, não há legislação especídfica proibindo o ritual.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.