Traficante morto no RJ já havia sido denunciado por aposentada que inspirou “Vitória”

Um dos cinco mortos na operação da Polícia Civil na Ladeira dos Tabajaras, na zona sul do Rio de Janeiro, nesta terça-feira (15), já era conhecido das autoridades. William do Amaral Gomes, conhecido como Marmitão, havia sido denunciado pela aposentada Joana Zeferino da Paz, que inspirou o filme “Vitória”, protagonizado por Fernanda Montenegro.

Marmitão era um dos principais líderes do tráfico de drogas na região e foi alvo da operação que visava prender os responsáveis pela morte do policial civil João Pedro Marquini, de 38 anos, marido da juíza Tula Mello. O agente foi assassinado em 30 de março, ao reagir a um assalto na Grota Funda, zona oeste do Rio.

Segundo investigação da TV Globo, Marmitão era tio de outro traficante morto na operação, Vinicius Kleber Di Carlantonio Martins, conhecido como Cheio de Ódio. Durante a ação, quatro pessoas também foram presas, incluindo Antônio Augusto D’Angelo da Fonseca, um dos suspeitos do latrocínio que vitimou o policial.

A Ladeira dos Tabajaras é uma comunidade situada entre os bairros de Copacabana e Botafogo. Foi nesse local, nos anos 2000, que a aposentada Joana Zeferino da Paz, então moradora da região, começou a registrar com uma câmera doméstica a atuação de traficantes e a omissão de policiais militares.

As gravações, feitas da janela de seu apartamento, deram origem a uma investigação que resultou na prisão de mais de 30 pessoas, incluindo membros do tráfico e agentes de segurança pública. Marmitão foi um dos denunciados com base nas imagens registradas.

Joana, que ficou conhecida como Dona Vitória, ingressou no Programa de Proteção à Testemunha e viveu sob anonimato por 17 anos, até sua morte, aos 97 anos, na Bahia. Sua história foi transformada em livro e filme: “Vitória”, uma produção original do Globoplay estrelada por Fernanda Montenegro.

No livro “Dona Vitória Joana da Paz”, do jornalista Fábio Gusmão, que revelou o caso em 2005, são narrados os bastidores da investigação e os impactos da decisão corajosa de Joana. A obra ganhou uma edição ampliada lançada em 2024, que inclui novos desdobramentos e a revelação de sua identidade.

A operação desta semana, considerada uma das maiores já realizadas na região desde então, reabre o debate sobre a permanência da criminalidade nas comunidades da zona sul e a dificuldade de romper com estruturas criminosas historicamente enraizadas.

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