A agenda econômica reserva eventos relevantes nos Estados Unidos e no Brasil nesta quarta-feira (23). Nos EUA, a S&P Global divulgará, às 10h45, os índices PMI de abril para os setores industrial e de serviços, fornecendo uma leitura atualizada sobre a atividade empresarial no início do segundo trimestre.
Em seguida, às 11h, serão conhecidos os dados de novas moradias referentes a março, que oferecem visibilidade sobre o desempenho do mercado imobiliário. Às 11h30, a atenção se volta para os estoques semanais de petróleo, divulgados pela Administração de Informação de Energia (EIA), indicador que pode influenciar os preços da commodity. O Livro Bege do Fed, que servirá de base para a próxima reunião de política monetária, será divulgado às 15h.
No Brasil, o Banco Central publicará, às 14h30, o fluxo cambial semanal, permitindo avaliar o comportamento das entradas e saídas de moeda estrangeira no país. Na temporada de balanços do primeiro trimestre de 2025 (1T25), é a vez da Hypera (HYPE3) apresentar ao mercado, no fechamento de hoje, seus resultados financeiros.
O que vai mexer com o mercado nesta quarta
AGENDA
O presidente Lula terá uma agenda cheia nesta quarta-feira (23). Às 09h00, participa da Cúpula Virtual sobre Ambição Climática. Às 11h30, se reúne com o Ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e o Ministro da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira. Às 14h40, o presidente encontra-se com o Secretário Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Marcos Rogério de Souza. Em seguida, às 15h00, Lula se reúne com o Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Vice-Presidente da República Geraldo Alckmin, a Ministra da Casa Civil substituta, Miriam Belchior, e o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Para encerrar a agenda, às 17h00, Lula fará a entrega da PEC da Segurança Pública, também no Palácio do Planalto.
Às 9h30, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participa da abertura do evento “CNN Talks Money: Nova Ordem Econômica”.
Gabriel Galípolo, presidente do Banco Central, tem compromissos em Washington, D.C., nesta quarta-feira (23). Ele se reunirá com Michael Barr, do Federal Reserve, e com Gita Gopinath, do FMI. Também participará de reuniões do FMI e, à noite, estará na Reunião de Ministros das Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G20. Todos os eventos são fechados à imprensa.
Nos EUA, o governador do Fed, Waller, e os presidentes dos Fed de St. Louis, Musalem; de Cleveland, Hammack; e de Chicago, Goolsbee, irão discursar hoje.
Brasil
14h30 – Fluxo cambial
EUA
10h45 – PMI de indústria (abril)
10h45 – PMI de serviços (abril)
11h – Novas moradias (março)
11h30 – Estoques de petróleo (semanal)
15h – Livro Bege do Fed
INTERNACIONAL
Powell
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que não tem “nenhuma intenção” de demitir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, antes que seu mandato à frente do banco central dos EUA termine no ano que vem.
“Eu gostaria de vê-lo ser um pouco mais ativo em relação à sua ideia de reduzir as taxas de juros,” acrescentou o presidente. “Este é o momento perfeito para baixar as taxas de juros.”
Novas tarifas
Os EUA impuseram tarifas de até 3.521% sobre equipamentos solares importados do Camboja, Vietnã, Malásia e Tailândia, após investigação apontar subsídios e vendas abaixo do custo. A medida busca proteger fabricantes locais como Hanwha Q Cells e First Solar, mas pode encarecer projetos de energia renovável no país. As tarifas se somam a outras restrições comerciais recentes e refletem o esforço de conter a influência chinesa na cadeia global solar. Empresas asiáticas afetadas, como JA Solar e Jinko Solar, já buscam alternativas de produção fora da Ásia. Em 2023, os EUA importaram US$ 12,9 bilhões desses países.
Negociações
A Casa Branca afirmou na terça-feira (22) que os EUA estão avançando positivamente nas negociações de um possível acordo comercial com a China. A informação foi compartilhada pela secretária de imprensa Karoline Leavitt, após conversa com o presidente. Além disso, o governo americano diz que recebeu propostas de acordos comerciais de 18 países e, nesta semana, autoridades como o secretário de Comércio, Howard Lutnick, participam de reuniões com representantes de 34 nações para discutir temas comerciais.
Impacto
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a previsão de crescimento global para 2,8% em 2025, após o aumento das tarifas comerciais impostas pelos EUA. O relatório aponta impactos severos no comércio mundial, com crescimento previsto de apenas 1,7% no setor. A economia americana teve sua projeção revisada de 2,7% para 1,8%. Já a China passou de 4,6% para 4%. O Brasil foi menos afetado, com ajuste de 2,2% para 2%. O FMI alerta para riscos elevados e pede estabilidade nas políticas comerciais.
ECONOMIA
Inflação
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou na terça-feira (22) que a depreciação do real pressiona a inflação de alimentos, devido à forte correlação entre o câmbio e o custo de produção rural. Segundo ele, uma desvalorização de 10% no real eleva em 1,4 ponto a inflação dos alimentos. Em março, o IPCA subiu 0,56%, com alimentos e bebidas respondendo por 45% do índice. Galípolo também alertou para os efeitos da guerra comercial dos EUA. O cenário, segundo ele, é de incerteza e exige reformas estruturais.
INSS
A primeira parcela do 13º do INSS começa a ser paga nesta quinta-feira (24) para 34,2 milhões de beneficiários. O depósito vai até 8 de maio e acompanha o pagamento do benefício de abril. Recebem primeiro os segurados com renda de um salário mínimo (R$ 1.518). Já quem recebe acima disso terá o pagamento em seguida. Aposentados recentes e beneficiários de auxílio-doença recebem valores proporcionais. A segunda parcela será paga entre 26 de maio e 6 de junho, com possível desconto de IR.
Café
A safra de café do Brasil em 2025 e 2026 deve recuar entre 3% e 6,4% ante o ciclo anterior, segundo Rabobank e Itaú BBA. O arábica deve cair até 13,6% por causa do clima seco, enquanto o robusta tende a crescer, puxado por alta produtividade. O Rabobank projeta 62,8 milhões de sacas, e o Itaú BBA, 64,4 milhões. A colheita do conilon já começou no Espírito Santo. Apesar da seca, o retorno das chuvas em março trouxe algum alívio. Especialistas alertam para o clima nos próximos meses, que pode impactar tanto a colheita quanto a próxima florada.
POLÍTICA
Recusa
O deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União Brasil-MA) recusou o convite para ser o novo ministro das Comunicações, no lugar de Juscelino Filho, que deixou o cargo. O nome dele havia sido anunciado pela ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência, Gleisi Hoffmann, no dia 10 de abril, após a reunião entre o deputado e o presidente Lula.
Em nota publicada nas redes sociais, o parlamentar disse que pode contribuir mais com o país como líder da bancada do União Brasil na Câmara dos Deputados.
Sem benefícios
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a política comercial dos EUA, afirmando que ela não beneficia nem os norte-americanos nem o resto do mundo. Durante almoço com o presidente chileno Gabriel Boric, Lula enfatizou a importância do multilateralismo e da negociação, por mais desafiadora que seja. Suas declarações surgem no contexto de tarifas impostas por Donald Trump a países, incluindo o Brasil e a China. Lula também ressaltou que não quer que o Brasil se envolva em uma nova Guerra Fria, sendo forçado a escolher entre os EUA e a China.
Livre comércio
Lula também disse que o Brasil não deve ser envolvido em uma nova Guerra Fria e não deve ser forçado a escolher entre os Estados Unidos ou a China. Em conversa com Boric, ele reafirmou sua defesa do multilateralismo e do livre comércio, destacando a importância de manter boas relações com ambos os países. Ele enfatizou a necessidade de negociar e estabelecer parcerias com todos os países. Essas declarações vêm em um contexto de tensões comerciais, com o presidente dos EUA, Donald Trump, impondo tarifas que afetam especialmente o Brasil e a China.
Revisão
O vice-presidente Geraldo Alckmin anunciou que o governo irá revisar o regime de ex-tarifários, que permite a redução de impostos de importação para produtos sem equivalente nacional. Segundo ele, a medida visa fortalecer a indústria brasileira, garantindo isenção apenas para itens que não são produzidos no país. “O que nós não fabricamos, a gente zera o imposto para importar e a indústria crescer”, disse. A revisão busca separar com clareza os produtos que devem receber o benefício. O regime se aplica principalmente a bens de capital, informática e telecomunicações.
Denúncia aceita
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) aceitou na terça-feira (22) a denúncia contra seis investigados por participação na tentativa de golpe após as eleições de 2022, tornando-os réus por crimes como tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. O relator Alexandre de Moraes afirmou haver “indícios suficientes” para abrir ação penal. Entre os acusados estão o ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, e o ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins. A próxima etapa será a instrução do processo, com depoimentos e coleta de provas. Ainda não há data para o julgamento.
Relator
O presidente da CCJ da Câmara, deputado Paulo Azi (União-BA), designou Alfredo Gaspar (União-AL) como relator do pedido para suspender a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu por tentativa de golpe em 2022. O pedido foi apresentado pelo PL. Gaspar, aliado de Bolsonaro e ex-procurador de Justiça, também assinou o requerimento de urgência para o projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro. O parecer será votado na comissão e, se aprovado, seguirá ao plenário. A Câmara pode barrar ações penais contra parlamentares por crimes cometidos após a diplomação.
Se fosse na sua casa?
O ministro Alexandre de Moraes, do STF, criticou pedidos de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. Durante julgamento da denúncia contra o núcleo 2 da suposta tentativa de golpe, ele comparou a invasão violenta às instituições a um ataque à própria casa de um cidadão. “Você pediria anistia para essas pessoas? Se fosse na sua casa, haveria? Então, por que, no Brasil, na democracia, a tentativa de quebra do Estado Democrático de Direito, tantas pessoas defendem isso?”, questionou. A fala responde ao projeto do PL que propõe anistiar manifestantes e caminhoneiros. O texto ainda aguarda decisão do presidente da Câmara, Hugo Motta. O tema reacende a tensão entre Judiciário e Congresso.
Comissão
A instalação das comissões mistas do Congresso para analisar medidas provisórias foi adiada para esta quarta-feira (23). Inicialmente prevista para ontem, a retomada dos colegiados analisará três MPs, incluindo a que cria uma linha de crédito consignado para trabalhadores com carteira assinada. Outra comissão avaliará o reajuste salarial de 9% para as Forças Armadas, dividido entre 2025 e 2026. A volta das comissões marca o fim de um impasse entre Câmara e Senado. Suspensos desde a pandemia, os colegiados retornam após acordo entre Davi Alcolumbre e Hugo Motta.
Anistia
O líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante, está a frente das articulações para votar o Projeto de Lei (PL) da Anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O deputado federal do Rio de Janeiro conseguiu, em poucos dias, reunir 264 assinaturas para dar urgência à proposta. O que significa que o projeto pode ser levado à votação direto no Plenário da Casa, sem precisar passar por comissões.
Segundo Cavalcante, “a anistia é para quem já está condenado.” Mas o deputado reconhece que, mais adiante, advogados de réus que venham a ser condenados podem recorrer à jurisprudência e que isso poderia incluir o caso do ex-presidente Jair Bolsonaro, que é filiado ao PL.
Glauber Braga
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) apresentou recurso à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados (CCJ) contra aprovação do processo de cassação de seu mandato pelo Conselho de Ética.
No recurso, o parlamentar pede a anulação do parecer do relator, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA) e que seja declarada a suspeição do relator, por ter agido com parcialidade, conforme o deputado.
(Com Reuters)
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