Berkshire Hathaway, a empresa de Warren Buffett que vale mais de US$ 1 trilhão

OMAHA – Seja sincero: você usaria suas suadas economias para comprar ações de uma empresa que se apresenta em seu site com uma estética tão bonita quanto o webdesign dos primórdios da internet?

Site da Berkshire Hathaway, empresa de investimentos de Warren Buffet, em maio de 2025 (Foto: Reprodução)

Pois essa empresa é a trilionária Berkshire Hathaway (BERK34), holding por meio da qual Warren Buffett – o lendário megainvestidor americano – faz seus investimentos.

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Ela nasceu há quase 100 anos no setor têxtil e chamou atenção de Buffett no início dos anos 1960 porque suas ações estavam baratas demais para ignorar. Ele acabou adquirindo o controle da empresa no mercado em 1969, depois de ter sido contrariado pelo então presidente da Berkshire em uma negociação.

Pelo negócio fabril em si, a birra do Oráculo de Omaha teria sido um enorme erro. As operações têxteis da Berkshire duraram até 1985, e só por teimosia. O que fez da empresa uma potência foi ter sido convertida no veículo de investimentos de Buffett.

E que potência. Em agosto do ano passado, a Berkshire Hathaway atingiu um valor de mercado de US$ 1 trilhão – e não perdeu mais esse patamar desde então, apesar dos solavancos do mercado desde que o presidente Donald Trump decidiu mudar radicalmente a política de tarifas de importação dos Estados Unidos.

Mais precisamente, nesta quinta-feira (1) o valor de mercado da Berkshire Hathaway somava US$ 1,5 trilhão, atrás apenas das chamadas Sete Magníficas (à exceção da Tesla), grupo que reúne as maiores empresas de tecnologia do mundo, e da petroleira Saudi Aramco.

Um valor de mercado dessa monta reflete números saudáveis nos balanços. Em 2024, a Berkshire Hathaway registrou lucro operacional de US$ 47,4 bilhões, 27% acima dos US$ 37,3 obtidos no ano anterior.

Tanto dinheiro movimentado faz da empresa Buffett uma das maiores pagadoras de impostos da cena corporativa dos Estados Unidos. Foram US$ 26,8 bilhões destinados à Receita Federal americana só no ano passado, ou 5% do que todas as empresas do país pagaram.

Onde está o dinheiro da Berkshire Hathaway?

O portfólio da Berkshire Hathaway se divide em dois grandes grupos. O mais representativo é formado atualmente por 189 empresas das quais a companhia de Buffett possui o controle, com pelo menos 80% das ações (e em muitos casos, 100% delas).

Essas empresas atuam em diferentes setores da economia, sendo seguros o mais importante entre eles, seguido por transporte ferroviário de carga e pela geração e distribuição de energia. Há ainda empresas do setor industrial, de serviços e do varejo.

O segundo grupo de investimentos é formado por participações pequenas em grandes corporações. São empresas listadas nas principais bolsas de valores, de nomes muito conhecidos, como Apple (AAPL34), American Express (AXPB34), Coca-Cola (COCA34) e Moody’s (MCO).

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Nas empresas do primeiro grupo, formalmente chamadas de “subsidiárias operacionais”, a Berkshire tem uma atuação mais direta – embora, efetivamente, a gestão seja descentralizada.

Nelas, Buffett e seus dois principais executivos – Ajit Jain, que cuida especificamente das operações de seguros, e Gregory Abel, que toca todo o restante – são responsáveis principalmente pelas grandes decisões de alocação de capital, atividades de investimento e pela seleção do CEO que vai liderar cada um dos negócios.

Somadas, essas 189 empresas empregam mais de 392 mil pessoas – um número terrivelmente contrastante com as 27 pessoas que trabalham no escritório da Berkshire Hathaway.

Geografia dos investimentos

A maior parte dos investimentos da Berkshire Hathaway está concentrada em empresas americanas. A principal exceção é um grupo de cinco empresas japonesas em que Buffett começou a investir seis anos atrás.

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Itochu, Marubeni, Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo são empresas que desempenham um papel vital na economia do Japão, pois investem numa ampla gama de setores, como energia, tecnologia e manufatura, até criação de salmão e varejo de eletroeletrônicos. Elas também possuem participações no exterior – em projetos de produção de petróleo e gás, por exemplo.

Atualmente, a Berkshire possui fatias inferiores a 10% do capital de cada uma dessas companhias – um limite que havia sido estabelecido em acordo com as gestões de cada uma. Porém, na última carta aos acionistas de sua empresa, Buffett revelou que já há acordos para superar essa fatia ao longo do tempo.

Há ainda outras empresas de outros países investidas pela Berkshire – como é o caso da Nu Holdings (ROXO34), dona do Nubank. Buffett possui 0,8% das ações da companhia, listada nos Estados Unidos, uma participação que hoje vale aproximadamente US$ 500 milhões, segundo um rastreador do portfólio mantido pela CNBC.

Cash is king?

Atualmente, a Berkshire Hathaway ostenta uma posição de caixa inédita em sua história – de US$ 334,2 bilhões no encerramento de 2024.

Para alguém como Warren Buffett, que confia no próprio taco para encontrar bons investimentos, ter dinheiro praticamente “parado na conta” soa estranho. Mas em sua carta a acionistas, o megainvestidor procurou acalmar os ânimos:

“Os acionistas da Berkshire podem ter certeza de que investiremos para sempre uma maioria substancial de seu dinheiro em ações – principalmente ações americanas, embora muitas delas tenham operações internacionais significativas”, escreveu. “A Berkshire jamais preferirá a propriedade de ativos equivalentes em dinheiro à propriedade de bons negócios, sejam eles controlados ou parcialmente detidos”.

A Berkshire Hathaway não paga dividendos aos acionistas. Fez isso uma única vez, em janeiro de 1967, desembolsando 10 centavos de dólar por ação da companhia – por alguma razão que Buffett diz já não lembrar qual tenha sido, mas que hoje parece “um sonho ruim”. “Há 60 anos, os acionistas apoiam o reinvestimento contínuo”, afirma.

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