
Carlos Lupi anunciou sua demissão nesta sexta-feira (2) do comando do Ministério da Previdência Social, após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A saída ocorre no auge da crise provocada por fraudes bilionárias em aposentadorias e pensões do INSS, que colocaram a pasta no centro de investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU).
“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”, escreveu Lupi em suas redes sociais.

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Essa é a segunda vez que Lupi deixa a Esplanada dos Ministérios sob suspeitas de irregularidades. Em 2011, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ele renunciou ao cargo de ministro do Trabalho após denúncias de uso indevido de recursos de ONGs com convênios com a pasta. Na ocasião, a Comissão de Ética Pública da Presidência recomendou sua demissão, e Lupi optou por se antecipar à exoneração.
Críticas por omissão
Agora, 14 anos depois, o ex-ministro deixa novamente o governo federal envolto em suspeitas de má gestão e omissão. Documentos revelam que Lupi foi alertado ao longo de 2023, em reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social, sobre o aumento dos descontos não autorizados nas aposentadorias. Mesmo assim, nenhuma providência efetiva foi tomada até 2024, quando o escândalo já havia ganhado proporções nacionais.
A crise se agravou após a Polícia Federal revelar um esquema que pode ter desviado mais de R$ 6,3 bilhões por meio de descontos indevidos aplicados por entidades associativas conveniadas ao INSS. O presidente da autarquia, Alessandro Stefanutto — nomeado por Lupi — foi demitido na semana passada. Ele é o segundo dirigente do INSS exonerado na atual gestão, após o afastamento de Glauco Wamburg, também indicado por Lupi, ainda em 2023, sob suspeita de uso irregular de recursos públicos.
PDT dividido e sucessão em aberto
A decisão de deixar o ministério foi tomada após Lula autorizar a ministra Gleisi Hoffmann a negociar a saída com o PDT, partido ao qual Lupi é filiado e do qual está licenciado da presidência. A avaliação do Planalto é que seria inviável aplicar um choque de gestão com a permanência de Lupi na pasta.
O afastamento reacende disputas internas no PDT. Enquanto uma ala defende a permanência na base governista, outro grupo — liderado por Ciro Gomes — vê na crise uma oportunidade de romper com o governo Lula.
Trajetória política
Carlos Roberto Lupi, 68 anos, é formado em administração e tem uma longa trajetória política ligada ao PDT, partido que ajudou a fundar ao lado de Leonel Brizola, de quem foi aliado próximo. Assumiu a presidência nacional da sigla após a morte de Brizola, em 2004, e desde então foi reeleito diversas vezes.
Na política institucional, Lupi foi deputado federal entre 1991 e 1995, secretário municipal de Transportes do Rio de Janeiro e secretário estadual no governo Brizola. Em 2002, foi derrotado na disputa ao Senado. Em 2007, aceitou o convite de Lula para chefiar o Ministério do Trabalho, permanecendo no cargo até sua renúncia em 2011.
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